Contraíndo, descamando, manipulando
És o que define e o que destrói.
Feminilidade do fundo do folículo, ora inerme, ora desbravador.
Dentro de nós és homem, enlouquece, causa dor
e faz mulher
Prazer em ser a órbita da vida
e do sexo.
És sangue
que alheio a beleza
Emerge entre cólicas e pêlos todos os defeitos da mulher dita perfeita
Perséfone
que grita das suas entranhas
os desejos definidos por homônios.
És o temperamento
o sabor das imcompreensíveis
- porém inesquecíveis
fêmeas.
"Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade".
(Frida Kahlo)
(Frida Kahlo)
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
domingo, 5 de dezembro de 2010
Esquecimento
Agora consigo lembrar o que é importante.
Como alguém que voltou pra casa depois de um longo tempo fora.
Cada recomeço lembra um cheiro, um clima, um sabor.
Dejavú inverso.
Abraço os doces momentos em minha memória, e deixo pra trás o que não cabe, pois a felicidade está no esquecimento da ausencia dela. E o perdão está no canto do sorriso.
domingo, 21 de novembro de 2010
Amortecedor.
Em noites assim dá vontade de me misturar com o tecido do meu colchão. Que ele envolva o meu corpo, de maneira que fiquemos uniformes. Beje, sem vida e sem sonhos.
Que me esconda além dos momentos que eu estou sob ele, para que não precise mais absorver secreções oculares e nem sentir o peso da minha dor.
Assim, poderei ser pluma, mola, espuma, seja lá o que for. Qualquer delicadeza que arranque um suspiro ou sorriso alheio. Qualquer bom porto para um descanso. Qualquer escape, para noites como esta.
Que me esconda além dos momentos que eu estou sob ele, para que não precise mais absorver secreções oculares e nem sentir o peso da minha dor.
Assim, poderei ser pluma, mola, espuma, seja lá o que for. Qualquer delicadeza que arranque um suspiro ou sorriso alheio. Qualquer bom porto para um descanso. Qualquer escape, para noites como esta.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Umaguma,
Ele olha o relógio, olha pra ela. As luzes nas frestas anunciam a despedida. Não temos mais tempo.Cigarro aceso, banho gelado.Resignados, abraçam o cotidiano voraz. Querem chegar em algum lugar ; O lugar que leve-os à eles mesmos.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Nublado - mas sempre belo.
Se eu não sei mais de mim, quero andar por aí, saber sobre o mundo, sobre vocês e construir algo bom pra nós.
Quem sabe assim eu possa me reconstruir também.
Como é belo o amor, e como ele tem o poder de transformar, até quando o tempo está fechado para quem sente.
domingo, 24 de outubro de 2010
Moldura
Tentando me conhecer melhor.
A especialista em generalidades que não enxerga um palmo além do nariz.
Já faz tempo que não me prendo a nenhum tipo de ideologia ou convicção pra não correr o risco de me burocratizar ainda mais e não caminhar por outras estruturas. No entanto há travas inerentes à minha vontade. Algo que parece ser da essência.
Peixes com ascendente em touro ou em áries? Permanece a dúvida.
Eu gosto da idéia de me descobrir, mas não gosto do que estou descobrindo.É como se eu percebesse que todo o caminho percorrido tá errado. Que tudo o que eu vivi não significou nada, simplesmente porque eu não sei viver e mato tudo antes da hora. Como num beijo rápido demais, em que a gente não sente o gosto do sentimento.
Teria eu nascido de sete meses? A certidão confronta a hipótese.
Tomara que a consciência sirva pra alguma coisa, ou eu terei que queimar todos os meus livros de malditos modernos. Eu sei que o meu mal é levar tudo à sério e brincar na hora que ninguém percebe.Mas faz parte de mim essa neurose a la Wood Allen. Esse egoísmo, essa possessividade. Por mais que eu me sinta uma tradicionalista de merda, no auge dos meus 21 anos...
Especialistas dizem que o que me falta é leveza. O que seria essa leveza? O jogo de dados do acaso? Tô me conflitando em busca dela e isso não é nada natural...
O que acontece é que eu posso não saber o que vai ser de mim, mas quero saber o que eu tô fazendo e porque. Daí eu posso construir ou descontruir as coisas. Admiro quem não pensa muito e só vive. É quase uma dádiva, não? Até quero absorver isso pra mim, mas posso garantir que está longe o dia em que eu vou virar a "alternative relax". Quem sabe na nova conjunção dos planetas...
É paradoxal. Sou o que sou e não sei se gosto disso. Também não sei se seria melhor de outra maneira. O preço que a gente paga por ter consciência é alto, mas é o primeiro passo. No mais, devo cuidar de mim e usar essas características tidas como defeito a meu favor. Não vou ser determinista de achar que eu já nasci assim e serei assim pra sempre, e não aproveitar pra fazer as coisas de um jeito diferente. Mas ao mesmo tempo não vou contrariar a minha natureza, e passar por cima do que eu sinto. Nenhuma mudança é abrupta. É preciso entrar no casulo e metamorfosear. E isso é a única coisa que eu posso me propor agora.
Bingo! Acho que encontrei o caminho da leveza.
A especialista em generalidades que não enxerga um palmo além do nariz.
Já faz tempo que não me prendo a nenhum tipo de ideologia ou convicção pra não correr o risco de me burocratizar ainda mais e não caminhar por outras estruturas. No entanto há travas inerentes à minha vontade. Algo que parece ser da essência.
Peixes com ascendente em touro ou em áries? Permanece a dúvida.
Eu gosto da idéia de me descobrir, mas não gosto do que estou descobrindo.É como se eu percebesse que todo o caminho percorrido tá errado. Que tudo o que eu vivi não significou nada, simplesmente porque eu não sei viver e mato tudo antes da hora. Como num beijo rápido demais, em que a gente não sente o gosto do sentimento.
Teria eu nascido de sete meses? A certidão confronta a hipótese.
Tomara que a consciência sirva pra alguma coisa, ou eu terei que queimar todos os meus livros de malditos modernos. Eu sei que o meu mal é levar tudo à sério e brincar na hora que ninguém percebe.Mas faz parte de mim essa neurose a la Wood Allen. Esse egoísmo, essa possessividade. Por mais que eu me sinta uma tradicionalista de merda, no auge dos meus 21 anos...
Especialistas dizem que o que me falta é leveza. O que seria essa leveza? O jogo de dados do acaso? Tô me conflitando em busca dela e isso não é nada natural...
O que acontece é que eu posso não saber o que vai ser de mim, mas quero saber o que eu tô fazendo e porque. Daí eu posso construir ou descontruir as coisas. Admiro quem não pensa muito e só vive. É quase uma dádiva, não? Até quero absorver isso pra mim, mas posso garantir que está longe o dia em que eu vou virar a "alternative relax". Quem sabe na nova conjunção dos planetas...
É paradoxal. Sou o que sou e não sei se gosto disso. Também não sei se seria melhor de outra maneira. O preço que a gente paga por ter consciência é alto, mas é o primeiro passo. No mais, devo cuidar de mim e usar essas características tidas como defeito a meu favor. Não vou ser determinista de achar que eu já nasci assim e serei assim pra sempre, e não aproveitar pra fazer as coisas de um jeito diferente. Mas ao mesmo tempo não vou contrariar a minha natureza, e passar por cima do que eu sinto. Nenhuma mudança é abrupta. É preciso entrar no casulo e metamorfosear. E isso é a única coisa que eu posso me propor agora.
Bingo! Acho que encontrei o caminho da leveza.
sábado, 28 de agosto de 2010
Página Policial
Voltando pra casa depois do expediente na imprensa da Feira do Livro e aquele engarrafamento. Mas não é só mais um dos que acontecem no início da noite. Eis que na feira da Marambaia tem um corpo caido no chão. Dois tiros. Um não pegou e o outro acertou a testa. Seria acerto de contas, assalto com refém ou rivalidade entre aviãozinhos? Todos tem muitos olhos para observar a cena, mas nada querem dizer.
Me aproveitei da credencial da feira. "Licença, eu sou da impresa, vocês sabem me dizer o que aconteceu?"
Meia duzia de "não sei, cheguei agora", e uma mulher diz: "A mãe dele veio aqui, mas não aguentou e foi embora". "Sabe dizer o nome?". "Não..."
Ligo pra redação. "Olha, mataram um".
A polícia chega. Páginas policiais no corpo do falecido. Sangue no meio fio, misturado com penas de galinha.
Alguém quebra o silêncio. " O cara que matou ele dobrou praquela rua e tá num quiosque de placas". Se eu quiser, que vá conferir, mas não sou tão Tim Lopes assim...
A imprensa credenciada de diploma chega. Flashs, e aquelas mesmas respostas furadas são dadas pelos "cana".
Ainda não chegou a minha vez. Mas não vejo a hora.
Me aproveitei da credencial da feira. "Licença, eu sou da impresa, vocês sabem me dizer o que aconteceu?"
Meia duzia de "não sei, cheguei agora", e uma mulher diz: "A mãe dele veio aqui, mas não aguentou e foi embora". "Sabe dizer o nome?". "Não..."
Ligo pra redação. "Olha, mataram um".
A polícia chega. Páginas policiais no corpo do falecido. Sangue no meio fio, misturado com penas de galinha.
Alguém quebra o silêncio. " O cara que matou ele dobrou praquela rua e tá num quiosque de placas". Se eu quiser, que vá conferir, mas não sou tão Tim Lopes assim...
A imprensa credenciada de diploma chega. Flashs, e aquelas mesmas respostas furadas são dadas pelos "cana".
Ainda não chegou a minha vez. Mas não vejo a hora.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Mulheres brilhantes que não sabem cozinhar
Elas entendem tudo de arte, filosofia, literatura, engenharia e constituição. Discutem sobre metafísica, existencialismo, estética e marxismo. São interessantíssimas e temperamentais, sem deixar de lado a simplicidade. E quando querem, sabem usar muito bem seus artifícios de sedução. Mas não peçam para elas cozinharem um rosbife ou uma buchada de bode, porque esse é o ponto fraco.
Mulheres brilhantes e que não sabem cozinhar. Será que elas deviam precisar? Será que tantos atributos já não são o suficiente? Pelo menos para elas, o sabor da mistureba de macarrão, calabreza e salada de caixa já está de bom tamanho, quando não, aquele velho disque comida chinesa.
A liberdade e autonomia trouxe essa adaptação culinária, e eu sei que as que fazem parte desse rol – assim como eu, não deixam de ter orgulho, ao lembrarem que durante a juventude, se preocuparam muito mais em ler William Burroughs do que aprender as “funções de mulher” impostas pela família.
Mas tantas conquistas intelectuais parecem insuficientes, quando de supetão aparece um olhar crítico e atônito que lança a cortante indagação: “Tu não sabes cozinhar!!!???”
Sorry. Sei que Van Gogh e tintas amarelas formam uma das combinações mais bonitas da história e que o grito nas margens plácidas do rio Ipiranga é só um quadro, mas prometo aprender. Afinal de contas, mais cedo ou mais tarde vou precisar alimentar os meus. Vai que eles não apreciem Walter Benjamin e uma boa mistureba de macarrão...
Mulheres brilhantes e que não sabem cozinhar. Será que elas deviam precisar? Será que tantos atributos já não são o suficiente? Pelo menos para elas, o sabor da mistureba de macarrão, calabreza e salada de caixa já está de bom tamanho, quando não, aquele velho disque comida chinesa.
A liberdade e autonomia trouxe essa adaptação culinária, e eu sei que as que fazem parte desse rol – assim como eu, não deixam de ter orgulho, ao lembrarem que durante a juventude, se preocuparam muito mais em ler William Burroughs do que aprender as “funções de mulher” impostas pela família.
Mas tantas conquistas intelectuais parecem insuficientes, quando de supetão aparece um olhar crítico e atônito que lança a cortante indagação: “Tu não sabes cozinhar!!!???”
Sorry. Sei que Van Gogh e tintas amarelas formam uma das combinações mais bonitas da história e que o grito nas margens plácidas do rio Ipiranga é só um quadro, mas prometo aprender. Afinal de contas, mais cedo ou mais tarde vou precisar alimentar os meus. Vai que eles não apreciem Walter Benjamin e uma boa mistureba de macarrão...
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Elas
Quando se encontram, riem até mesmo de coisas que não tem motivo. Seja em volta de uma mesa de bar, lanchonete ou mesmo caminhando pelas ruas, o que não falta é assunto. Um momento único, onde o tempo e o espaço se deslocam da realidade- embora ela sempre esteja em voga nas infinitas conversas. Mas mesmo assim, não se esquecem dos sonhos e seus significados, planos e reflexões sobre tudo o que já passou e o que ainda tem por vir.
Para cada momento e segredo existe uma mais apropriada- mas isso não é distinção, os sentimentos são singulares, como cada uma delas. Sempre há uma ocasião, um assunto ou uma saudade que pede mais uma delas. Assistir um filme água com açúcar, viajar, sair para comprar um presente. Cada uma com a sua sensibilidade. Uma fala de amor com paixão, outra fala com certa descrença, outra surpreende-se por não andar tão descrente nesses últimos tempos, e sente medo disso. Perseguem sucesso na carreira, na vida, nas suas camas. Tudo isso para enfim se aninharem no conforto do seu próprio mundo. A apaixonada vai ficar por aqui e ter uma penca de filhos. A desiludida e com a esperança mais bonita pretende conquistar o mundo. A aturdida com uma enxurrada de doces sentimentos até poderia ter um filho, mas pensa na tortura que é parar de fumar.
E como toda mulher que se preze, brigam. Pela vida e pela amizade, sempre com suas sutilezas (?) Ás vezes não falam nada, o desprezo é o suficiente, outras vezes quebram o pau mesmo. Acham o defeito da outra absolutamente insuportável e decepcionam-se quando veem que seus conselhos não valeram de nada. Prometem nunca mais perder tempo com isso e se perdem, ouvindo pacientemente tudo outra vez.
São amigas sem rédeas, que acima de qualquer estabilidade precisam de emoção. Na beira do rio, no meio fio, na tequila. Na sexta-feira soturna, no domingo de dúvidas. Se for o caso, elas até criam a situação, mas precisam de olhos atentos para apreciar tal ato. No mais, elas retocam a maquiagem com o espelhinho de mão, conversam da falta de dinheiro ao próximo filme do Wood Allen e descobrem que não importa o que aconteça, precisam sempre que der- e que esse der seja sempre- estar perto uma da outra.
Para cada momento e segredo existe uma mais apropriada- mas isso não é distinção, os sentimentos são singulares, como cada uma delas. Sempre há uma ocasião, um assunto ou uma saudade que pede mais uma delas. Assistir um filme água com açúcar, viajar, sair para comprar um presente. Cada uma com a sua sensibilidade. Uma fala de amor com paixão, outra fala com certa descrença, outra surpreende-se por não andar tão descrente nesses últimos tempos, e sente medo disso. Perseguem sucesso na carreira, na vida, nas suas camas. Tudo isso para enfim se aninharem no conforto do seu próprio mundo. A apaixonada vai ficar por aqui e ter uma penca de filhos. A desiludida e com a esperança mais bonita pretende conquistar o mundo. A aturdida com uma enxurrada de doces sentimentos até poderia ter um filho, mas pensa na tortura que é parar de fumar.
E como toda mulher que se preze, brigam. Pela vida e pela amizade, sempre com suas sutilezas (?) Ás vezes não falam nada, o desprezo é o suficiente, outras vezes quebram o pau mesmo. Acham o defeito da outra absolutamente insuportável e decepcionam-se quando veem que seus conselhos não valeram de nada. Prometem nunca mais perder tempo com isso e se perdem, ouvindo pacientemente tudo outra vez.
São amigas sem rédeas, que acima de qualquer estabilidade precisam de emoção. Na beira do rio, no meio fio, na tequila. Na sexta-feira soturna, no domingo de dúvidas. Se for o caso, elas até criam a situação, mas precisam de olhos atentos para apreciar tal ato. No mais, elas retocam a maquiagem com o espelhinho de mão, conversam da falta de dinheiro ao próximo filme do Wood Allen e descobrem que não importa o que aconteça, precisam sempre que der- e que esse der seja sempre- estar perto uma da outra.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Mariana: Sua ruína sentimetal e seu fracasso ortográfico
Mariana perdeu bons anos de sua vida doando-se a algo que não entendia. Não era álgebra e nem literatura existencialista-Embora sua história fosse um prato cheio para teóricos e pesquisadores. Com apenas 13 anos fugiu do conforto de seu lar, deixando suas bonecas com dedos comidos e cabelos destroçados em cima da cama, para dividir uma outra cama com um ser semelhante n'um pulgueiro em uma invasão.
Em pouco tempo ela descobriu várias posições, algumas doenças venéreas e micoses, além do gosto de água enferrujada. Começou a trabalhar fora e conheceu as agruras das moças da noite. E após tantas descobertas, Mariana começou a ver a dureza da falta e a sentir uma amarga angústia de querer ganhar o mundo. Nessas horas, sem entender, não queria beijar ou ter por perto o seu principal amante. "Çerá qui eu não gosto mais deli? I agora?".
Após o questionamento, Mariana descobriu que não era de ninguém, nem das bonecas, nem letras, muito menos dos sentimentos. Queria emoção, desejo. Envolveu-se com o amigo do seu cafetão de baixada, que por sua vez se esvaziou com a mulher do dito cujo traidor. "Issu é pra evitar esvaziar bala nos córneos dele!". Um aborto doloroso, devido ao susto. Seria menino ou menina? Um desenho feito a giz de cera em homenagem ao que não vai mais nascer.
Uma briga violenta. A porta bateu com força, com a mesma voluptuosidade de seus atos impensados. Não se sabe o que aconteceu lá dentro, apenas a orquestra de objetos lançados ao chão, em tacadas infelizes. Separaram-se. Ele a chamou de toda a sorte de palavrões aos amigos nos picos em mesas de bar. Ela fez juz aos nomes e passou a conviver com gente de estirpe duvidosa. Já não tinha mais as bonecas, o amor e muito menos as aulas de álgebra e literatura.
Dois anos e novas posições depois, passou a escrever cartas arrependidas, aos garranchos e com tortuosos desenhos de corações. "Confeço que erei demais e não posso ti obrigar a ainda acredita em mim. Mais quero tentar de novu e prometo não te maguar. Espero que vose consiga esquece o que pasou e fica comigo outra vez".
Ele jogou as mágoas e o orgulho fora e aceitou-a de volta. Vivem em um conjugado que não os pertence. Tomam banho quando a preguiça e a gambiarra com a caixa d'agua do vizinho permite. No início da noite, o mínimo bom senso, defensor do pico de sábado a tarde, a faz levantar e trabalhar em uma suposta repartição, escrevendo sua ortografia torta enquanto ele passa parte do dia imóvel em um velho sofá, apreciando as teias de aranha que se alastram nos cantos da parede e imaginando a forma mais fácil de conquistar o mundo.
Em pouco tempo ela descobriu várias posições, algumas doenças venéreas e micoses, além do gosto de água enferrujada. Começou a trabalhar fora e conheceu as agruras das moças da noite. E após tantas descobertas, Mariana começou a ver a dureza da falta e a sentir uma amarga angústia de querer ganhar o mundo. Nessas horas, sem entender, não queria beijar ou ter por perto o seu principal amante. "Çerá qui eu não gosto mais deli? I agora?".
Após o questionamento, Mariana descobriu que não era de ninguém, nem das bonecas, nem letras, muito menos dos sentimentos. Queria emoção, desejo. Envolveu-se com o amigo do seu cafetão de baixada, que por sua vez se esvaziou com a mulher do dito cujo traidor. "Issu é pra evitar esvaziar bala nos córneos dele!". Um aborto doloroso, devido ao susto. Seria menino ou menina? Um desenho feito a giz de cera em homenagem ao que não vai mais nascer.
Uma briga violenta. A porta bateu com força, com a mesma voluptuosidade de seus atos impensados. Não se sabe o que aconteceu lá dentro, apenas a orquestra de objetos lançados ao chão, em tacadas infelizes. Separaram-se. Ele a chamou de toda a sorte de palavrões aos amigos nos picos em mesas de bar. Ela fez juz aos nomes e passou a conviver com gente de estirpe duvidosa. Já não tinha mais as bonecas, o amor e muito menos as aulas de álgebra e literatura.
Dois anos e novas posições depois, passou a escrever cartas arrependidas, aos garranchos e com tortuosos desenhos de corações. "Confeço que erei demais e não posso ti obrigar a ainda acredita em mim. Mais quero tentar de novu e prometo não te maguar. Espero que vose consiga esquece o que pasou e fica comigo outra vez".
Ele jogou as mágoas e o orgulho fora e aceitou-a de volta. Vivem em um conjugado que não os pertence. Tomam banho quando a preguiça e a gambiarra com a caixa d'agua do vizinho permite. No início da noite, o mínimo bom senso, defensor do pico de sábado a tarde, a faz levantar e trabalhar em uma suposta repartição, escrevendo sua ortografia torta enquanto ele passa parte do dia imóvel em um velho sofá, apreciando as teias de aranha que se alastram nos cantos da parede e imaginando a forma mais fácil de conquistar o mundo.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Sinto o mundo nas costas- e ele pesa. Os nervos de aço não são capazes de conter a distensão.
Não dormi de mal jeito. Na verdade, nem sei como consegui dormir tão bem. Talvez seja porque o sono é o único prazer que não precisamos pagar. Mas a respeito do mundo...Ele pesa muito mais nas costas de quem aposta conquista-lo sem ainda ter sequer uma ficha.
Não dormi de mal jeito. Na verdade, nem sei como consegui dormir tão bem. Talvez seja porque o sono é o único prazer que não precisamos pagar. Mas a respeito do mundo...Ele pesa muito mais nas costas de quem aposta conquista-lo sem ainda ter sequer uma ficha.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Geometricamente estático.
Hoje não importa se eu estou feio ou bonita, nem sequer que dia é hoje. Acordei com dores no corpo, olhos pregados. Minh'alma como se tivesse voltado de uma guerra que ainda nem começou. Não tenho forças para escrever. Garranchos vãos, já despreocupados em entender alguma coisa, desenhando tortuoso retrato do eu atual.
Hoje leventei mecanicamente. Segurando a extensão do meu corpo, que toca, vibra, anuncia surpresas. Joguei-o fora de minhas mãos e imperceptivelmente permaneci no canto da sala.Férias de verão. engarrafamento, dedline, tédio na cidade. E um corpo morto no meu coração.
Hoje me falta coragem para abrir as portas para o sol; E menos ainda de desistir das ruínas que eu construí. Geometricamente estática. Tanto, que já nem sinto mais dor.
Hoje leventei mecanicamente. Segurando a extensão do meu corpo, que toca, vibra, anuncia surpresas. Joguei-o fora de minhas mãos e imperceptivelmente permaneci no canto da sala.Férias de verão. engarrafamento, dedline, tédio na cidade. E um corpo morto no meu coração.
Hoje me falta coragem para abrir as portas para o sol; E menos ainda de desistir das ruínas que eu construí. Geometricamente estática. Tanto, que já nem sinto mais dor.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Um desespero agradável
como nos morangos de Caio
A paixão corrói entranhas
entre movéis imóveis
o mundo é burocrático e nada é meu
além do desespero
desesperodesespero
Sim, tenho pressa
não sei esperar o devido tempo
não devias ter aparecido naquele momento
se tudo precisa ser distante
e preciso.
Assim o presente entorpece
a dor latente do que não se sabe
tropeço em faltas e criações da minha mente
em em meus sonhos do perder inconsciente
Desvio de poças
em mais um dia de outros que vem
talvez de menos dor
ou com a certeza de flores e fugas
para um coração dormente.
Para ler ao som de: The thrill is gone- Chet Baker.
terça-feira, 9 de março de 2010
Elas gostam de apanhar?
Dia internacional da mulher e como não podia ser diferente, várias matérias originais sobre filhos, violência doméstica e mercado de trabalho. Mas este ano, uma reportagem realmente chamou a minha atenção pelo seu teor (Deve ter sido produzida e editada por algum cavalheiro de boteco).
Ligo a TV no jornal X e vem a chamada: Avanço profissional não diminui as tarefas domésticas das mulheres. Esta conclusão tem como base um estudo realizado pelo IPEA (Instituto de pesquisa econômica aplicada), que mostra que 86,3% das brasileiras com 10 anos ou mais realizam tarefas em casa, enquanto os homens que fazem trabalhos em casa são 45,3%. E que as mulheres gastam em média 24 horas por semana trabalhando em casa, enquanto os homens 9,7 horas.
Até aí, nada de novo. Para rechear a reportagem, fizeram uma enquete com duas senhoras, perguntando a opinião delas em relação aos dados e em seguida colocaram o parecer de uma psicóloga (?). É quando o espetáculo começa.
A primeira mulher entrevistada, responde: ‘É, é ruim, mas fazer o que, né?’. Depois vem o parecer científico, da psicóloga que nunca leu Freud, Maria Luiza Lara: “Necessidades domésticas caem sobre a mulher. Empregada, compras de supermercado, pediatra, dor de barriga... Essas coisas que a criança tem, A MÃE QUE TEM QUE TRATAR”. Terminando com o gran finale da ultima entrevistada: ‘A mulher optou por isso (dupla jornada), agora tem que agüentar!’
Nessa hora eu me perguntei o que é mais nocivo; Essa opinião pública, presa nos grilhões do preconceito e do senso comum ou esse jornalismo medíocre, receita de bolo, que não promove o debate e uma abordagem diferente para um tema tão plural E delicado? Sem falar nesse parecer científico, que estava mais para opinião de batente e que não promoveu esclarecimento e reformulação de pensamento.
Foi triste ver essa abordagem passiva e conformista numa reportagem que tinha tudo para ser boa, nas palavras da cientista social e especialmente nas das próprias mulheres entrevistadas. Esse tipo de pensamento perpetua a idéia da mulher como mártir, e sabe-se que a coisa não deve ser por aí. Não estou levantando a bandeira do feminismo extremo, até por que concepções fechadas não ajudam em nada, apenas penso que respeito e igualdade nos dias de hoje são coisas essenciais para a vida em sociedade, e isso sim deve ser veiculado.
Se de fato esses valores fossem colocados em pratica, as mulheres não precisariam mais de uma data para impor direitos e lembrar de sua luta, e de brinde, não seriam mais premiadas com esses especiais chulos sobre estética, mercado de trabalho e violência doméstica, pois com certeza, ser mulher é muito mais que isso.
Ligo a TV no jornal X e vem a chamada: Avanço profissional não diminui as tarefas domésticas das mulheres. Esta conclusão tem como base um estudo realizado pelo IPEA (Instituto de pesquisa econômica aplicada), que mostra que 86,3% das brasileiras com 10 anos ou mais realizam tarefas em casa, enquanto os homens que fazem trabalhos em casa são 45,3%. E que as mulheres gastam em média 24 horas por semana trabalhando em casa, enquanto os homens 9,7 horas.
Até aí, nada de novo. Para rechear a reportagem, fizeram uma enquete com duas senhoras, perguntando a opinião delas em relação aos dados e em seguida colocaram o parecer de uma psicóloga (?). É quando o espetáculo começa.
A primeira mulher entrevistada, responde: ‘É, é ruim, mas fazer o que, né?’. Depois vem o parecer científico, da psicóloga que nunca leu Freud, Maria Luiza Lara: “Necessidades domésticas caem sobre a mulher. Empregada, compras de supermercado, pediatra, dor de barriga... Essas coisas que a criança tem, A MÃE QUE TEM QUE TRATAR”. Terminando com o gran finale da ultima entrevistada: ‘A mulher optou por isso (dupla jornada), agora tem que agüentar!’
Nessa hora eu me perguntei o que é mais nocivo; Essa opinião pública, presa nos grilhões do preconceito e do senso comum ou esse jornalismo medíocre, receita de bolo, que não promove o debate e uma abordagem diferente para um tema tão plural E delicado? Sem falar nesse parecer científico, que estava mais para opinião de batente e que não promoveu esclarecimento e reformulação de pensamento.
Foi triste ver essa abordagem passiva e conformista numa reportagem que tinha tudo para ser boa, nas palavras da cientista social e especialmente nas das próprias mulheres entrevistadas. Esse tipo de pensamento perpetua a idéia da mulher como mártir, e sabe-se que a coisa não deve ser por aí. Não estou levantando a bandeira do feminismo extremo, até por que concepções fechadas não ajudam em nada, apenas penso que respeito e igualdade nos dias de hoje são coisas essenciais para a vida em sociedade, e isso sim deve ser veiculado.
Se de fato esses valores fossem colocados em pratica, as mulheres não precisariam mais de uma data para impor direitos e lembrar de sua luta, e de brinde, não seriam mais premiadas com esses especiais chulos sobre estética, mercado de trabalho e violência doméstica, pois com certeza, ser mulher é muito mais que isso.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
A rainha dos corações psicodélicos.
Ela foi a inspiração para grandes canções e também a responsável por inúmeros corações partidos no mundo do rock and roll dos anos 60 e 70. Seu nome é Pattie Boyd. Era modelo, fotógrafa e atriz, dona de uma beleza singular, que alcançou o auge nos anos 60, quando tornou-se requisitada para diversos trabalhos e iniciou o seu envolvimento com a cena musical da época.
A bela posou em fotos com bandas como Rolling Stones e fez uma ponta no A hard days night, dos Beatles, ocasião essa em que ela conheceu o Beatle George. O solista não resistiu e se apaixonou pela pequena, vindo a se casar com ela dois anos depois.
O casamento deles pode-se dizer que não foi dos mais felizes, a não ser pelo fato de ter sido a inspiração para a música Something, que é uma das canções mais belas de todos os tempos ou pelo menos a mais bela do Beatles. George Harrison, assim como os outros beatles não era lá muito fiel e o seu envolvimento com o induísmo deixou-o cada vez mais distante de Patty.
Durante esse período, ela fez amizade com o guitarrista Eric Clapton,que até então era amigo de George. Dessa amizade surgiu mais um coração apaixonado e partido. Durante anos, Clapton alimentou um sentimento pela modelo e quase enloqueceu, devido ao abuso de drogas, etc. Essa tortura durou cerca de uns 10 anos e rendeu uma série de músicas que estão no album Layla and other assoted love songs (1970), até que num dia de sol e de saco cheio de mantras e traições, Patty deu um pé na bunda de Harrison e ficou com Clapton.
Os anos que seguiram foram de uma espécie de guerra fria entre Harrison e Clapton (os dois desejavam o coração de Patty) e de novas composições, como Wonderful Tonigh e Pretty Girl.
Patty casou-se com Clapton e teve com ele um relacionamento de 10 anos, conturbado tanto quanto o primeiro, vindo a se separar no final dos anos 80. Clapton e Harrison já tinham voltado a ser amigos e tudo ficou por isso mesmo.
Fora essa estória toda, dizem as más linguas que Mick Jagger também foi apaixonado por Patty, na década de 60. Segundo boatos,ele tentou de tudo pra ficar com ela, mas o seu charme andrógeno não funcionou.
O mais legal desse causo não são as relações em si, as disputas ou intrigas, mas sim o resultado de tudo isso: A criação de uma musa inspiradora para a composição de grandes músicas da história do rock and roll. Pois como vocês bem sabem, não existe poesia sem musa.
Patty Boyd e Rolling Stones.
Com George Harrison
Com Eric Clapton.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
A estréia.
Gente, o show é hoje! A estréia!Parece até coisa de gente importante....
HAHAHA.
Os dois eventos tem o valor de 10 dinheiros e nenhum fim lucrativo para a banda. Tudo pelo bem do nosso roquem roul.
Bom, taí o nosso myspace (clique na palavra, man!), release a algumas mini fotitas de divulgação.
Café com arte, a partir das 22:00. Compareçam e tirem suas próprias conclusões, pois assim como nesse singelo blog, ninguém comentou em rodapé sobre as nossas músicas. Então ou tá muito bom, ou tá muito escroto!
Áh, e domingo lá no antigo liverpool, que agora se chama Cavern Club, a partir das 17:00,seremos descabaçados musicalmente! Espero que não doa!HAHAHA.
Os dois eventos tem o valor de 10 dinheiros e nenhum fim lucrativo para a banda. Tudo pelo bem do nosso roquem roul.
Bom, taí o nosso myspace (clique na palavra, man!), release a algumas mini fotitas de divulgação.
Blues de girar o copo e jovem guarda de bolinhas de sabão; Esse é o Mini Blues, banda formada numa tarde de sol de junho de 2009, por Fabrício Nunes- guitarra e vocais, Bia Levy- contrabaixo e vocais e Paulo Braga-bateria, após encontros furtivos em corredores e gorós no bar do parque. Desse encontro musical aos poucos surgiram canções singelas e dançantes, além de uma Demo(níaca) de ensaio in estúdio. Com um som regado à jovem guarda, blues e rock and roll , o Mini Blues é biscoito fino que acabou de sair do forno para dar mais sabor à cena independente de Belém.
Influências:
As influências sugerem por uma tendência de jovem guarda, um pouco de soul, doses de surf music, blues e o próprio rock'n'roll. Sem inquietações, estresses, estafas e com uma bela sonoridade. Metade ursinhos carinhosos metade bluesera de girar o copo. Influências negativas: Pessoas que demoram para dar o troco, construções que parecem não acabar nunca, veículos que não usam o pisca-pisca ao dobrar, pré julgamentos, burocracia, transportes coletivos belenenses, fumaça de cigarro Derby, e goteiras.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
O show.
Tudo pronto. Desci do taxí e segui. Cabeça erguida, olhando em linha reta.
Na porta de entrada um painel em neon indicando as atrações da noite. Através de um adjetivo triste, minha trupe estava anunciada.- Bobos da corte?
Ao redor eles olhavam de soslaio.O ar era de superioridade e as risadas tornavam-se cada vez mais ensurdecedoras.Senti um peso sobre o meu corpo e a única coisa que eu pensei é que eu não poderia tropeçar naquele instante- é nessas horas que as gafes sempre acontecem- e como que por extinto, autopiedade, seja lá o que for, baixei a cabeça por um momento e me perguntei: 'Que porra que eu tô fazendo aqui?'
Como artista decadente antes mesmo do estrelato, como em um bar lotado em que ninguém te ouve, como uma jovem prostituta à perder o cabaço. Como a carne exposta aos belos anfitriões. Meus pés já estavam no primeiro degrau da escada do pequeno palco. Percebi que há muito os meus passos se davam em um grande palco e minha história era um show, um delicioso prato cheio para desocupados e maledicentes. -Não existe obra de arte melhor que a vida....Pulp-me.
Ao meu lado direito o meu guardião, no lado esquerdo o amigo sempre presente. Seus olhos brilhavam de deslumbre e medo.Ali éramos tão frágeis que mal podíamos nos defender.
Romanos pacientemente e especialmente esperando por nós.Sentei na borda do palco e acendi um cigarro. O olhar longe. Traguei tranquilamente, baforadas lentas em cada rosto que eu identificava sobre a névoa. Juntei toda a secreção barata que eu poderia sentir naquela hora e com toda a vontade eu cuspi. Em seguida, levantei lentamente, olhando para a única pessoa que me fazia sorrir. Permancemos parados por algum tempo, até ele lançar a primeira nota, que foi respondida com outra nota e um doce dueto de vozes começou. A nossa arte era muito dona de si para se contida por quem quer que fosse.E então a música se expandiu e atravessou toda a mediocridade.
Na porta de entrada um painel em neon indicando as atrações da noite. Através de um adjetivo triste, minha trupe estava anunciada.- Bobos da corte?
Ao redor eles olhavam de soslaio.O ar era de superioridade e as risadas tornavam-se cada vez mais ensurdecedoras.Senti um peso sobre o meu corpo e a única coisa que eu pensei é que eu não poderia tropeçar naquele instante- é nessas horas que as gafes sempre acontecem- e como que por extinto, autopiedade, seja lá o que for, baixei a cabeça por um momento e me perguntei: 'Que porra que eu tô fazendo aqui?'
Como artista decadente antes mesmo do estrelato, como em um bar lotado em que ninguém te ouve, como uma jovem prostituta à perder o cabaço. Como a carne exposta aos belos anfitriões. Meus pés já estavam no primeiro degrau da escada do pequeno palco. Percebi que há muito os meus passos se davam em um grande palco e minha história era um show, um delicioso prato cheio para desocupados e maledicentes. -Não existe obra de arte melhor que a vida....Pulp-me.
Ao meu lado direito o meu guardião, no lado esquerdo o amigo sempre presente. Seus olhos brilhavam de deslumbre e medo.Ali éramos tão frágeis que mal podíamos nos defender.
Romanos pacientemente e especialmente esperando por nós.Sentei na borda do palco e acendi um cigarro. O olhar longe. Traguei tranquilamente, baforadas lentas em cada rosto que eu identificava sobre a névoa. Juntei toda a secreção barata que eu poderia sentir naquela hora e com toda a vontade eu cuspi. Em seguida, levantei lentamente, olhando para a única pessoa que me fazia sorrir. Permancemos parados por algum tempo, até ele lançar a primeira nota, que foi respondida com outra nota e um doce dueto de vozes começou. A nossa arte era muito dona de si para se contida por quem quer que fosse.E então a música se expandiu e atravessou toda a mediocridade.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Segundo a astrologia, o inferno astral ocorre no mês que antecede o aniversário da pessoa. Bom, talvez essa já seja a prévia de Fevereiro, ou talvez o meu inferno astral seja constante, porque esse assunto não tem hora pra passar pela minha cabeça.Acontece que volta e meia eu me sinto ameaçada pela realidade que eu mesma escolhi. Eu digo isso com toda a propriedade: Eu tenho todos os motivos do mundo largar de mão e mandar se foder o Jornalismo.
Primeiro por ser uma profissão acossada pelos grandes anunciantes e políticos, anulando assim a sua principal função, que é a de mostrar os fatos como eles realmente são - e não como alguém quer que eles sejam.Certa vez eu li uma citação que dizia que só quem possui a tal liberdade de imprensa são os donos dos jornais. Essa aí todo mundo sabe,mas cabeça dura que eu sou insisti mesmo assim.
O segundo é essa romantização estúpida que os profissionais fazem . Aquela coisa 'Áh, agente tem que se sacrificar mesmo.A gente trabalha muito, ganha pouco, e não tem nenhuma garantia dentro da empresa, mas a vida é assim mesmo, faz parte da profissão ...' ´´Como se quizessem provar que jornalista bom é jornalista que se mata em prol da notícia. Eu me mato em prol de uma notícia também, se ela for real e não parcial. Mas quanto ao salário, eu não compactuo com isso necas- necas. Pra mim esse tipo de atitude subserviente é que perpetua essa relação desumana de poder.
Três.Eu tô me especializando, tô pagando uma nota preta pra aprimorar as minhas habilidades e ter respaldo para exercer a profissão. Dentro disso se incluem dois grandes absurdos: A não obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão e os salários que muitas vezes não ultrapassam o que tu gastastes com a faculdade.
Agora, pegue tudo isso e multiplique por 10 que você vai entender o drama. Sou estudante de jornalismo em Belém do Pará, onde existe um monopólio de comunicação ridículo Aqui, para conseguir uma vaguinha pra ser chamado de estagiário com tom de desdém é uma luta. Aqui, ser respeitado como profissional é coisa de outro mundo.Ganha-se mal (no mínimo tem que ter dois empregos para viver razoavelmente) e não há estabilidade alguma ou plano de carreira- A não ser é claro que o cara tenha sido indicado, ou seja um bom do puxa-saco, ou que abra as pernas pra editor chege, diretor, etc.
Mas o que é mais cômico no meio de toda essa sujeirada é ver o naipe de muitos profissionais explorados da comunicação. Todos em cima do salto.E é nessa hora que eu fico pensando: Como é que pode numa profissão que exige o contato direto com a comunidade, com o povão mesmo, ter tanto profissional metido a besta?
Sabe, a vontade que me dá é de mandar todo mundo ir a merda e cair fora. Pena que apesar de tudo isso, essa é a única coisa que eu sei fazer.
Primeiro por ser uma profissão acossada pelos grandes anunciantes e políticos, anulando assim a sua principal função, que é a de mostrar os fatos como eles realmente são - e não como alguém quer que eles sejam.Certa vez eu li uma citação que dizia que só quem possui a tal liberdade de imprensa são os donos dos jornais. Essa aí todo mundo sabe,mas cabeça dura que eu sou insisti mesmo assim.
O segundo é essa romantização estúpida que os profissionais fazem . Aquela coisa 'Áh, agente tem que se sacrificar mesmo.A gente trabalha muito, ganha pouco, e não tem nenhuma garantia dentro da empresa, mas a vida é assim mesmo, faz parte da profissão ...' ´´Como se quizessem provar que jornalista bom é jornalista que se mata em prol da notícia. Eu me mato em prol de uma notícia também, se ela for real e não parcial. Mas quanto ao salário, eu não compactuo com isso necas- necas. Pra mim esse tipo de atitude subserviente é que perpetua essa relação desumana de poder.
Três.Eu tô me especializando, tô pagando uma nota preta pra aprimorar as minhas habilidades e ter respaldo para exercer a profissão. Dentro disso se incluem dois grandes absurdos: A não obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão e os salários que muitas vezes não ultrapassam o que tu gastastes com a faculdade.
Agora, pegue tudo isso e multiplique por 10 que você vai entender o drama. Sou estudante de jornalismo em Belém do Pará, onde existe um monopólio de comunicação ridículo Aqui, para conseguir uma vaguinha pra ser chamado de estagiário com tom de desdém é uma luta. Aqui, ser respeitado como profissional é coisa de outro mundo.Ganha-se mal (no mínimo tem que ter dois empregos para viver razoavelmente) e não há estabilidade alguma ou plano de carreira- A não ser é claro que o cara tenha sido indicado, ou seja um bom do puxa-saco, ou que abra as pernas pra editor chege, diretor, etc.
Mas o que é mais cômico no meio de toda essa sujeirada é ver o naipe de muitos profissionais explorados da comunicação. Todos em cima do salto.E é nessa hora que eu fico pensando: Como é que pode numa profissão que exige o contato direto com a comunidade, com o povão mesmo, ter tanto profissional metido a besta?
Sabe, a vontade que me dá é de mandar todo mundo ir a merda e cair fora. Pena que apesar de tudo isso, essa é a única coisa que eu sei fazer.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Beleza à mesa.
Estávamos conversando ontem, meu amor e eu, sobre assuntos diversos, até que chegamos no tema beleza. Lembrei do concurso feito pela globo no final da década de 90 (acho que foi no fantástico), da mulher mais bela do século. A lista incluia personalidades globais como a Xuxa, Vera Ficher, Ana Paula Arósio, etc. Quem ganhou o prêmio foi a Maria Fernanda Cândido, que na época estava emplacando em Terra Nostra e que realmente é uma mulher muito bonita e que tem um charme peculiar. Mas será que essa beleza era suficiente pra considera-la a mulher mais bela do século xx? Eis a questão.
Desculpa Maria Fernanda, você é linda, mas houve uma influência determinante por parte da tal emissora de TV no resultado final do concurso. Influência essa que existe desde o surgimento da tv e que atua diretamente no comportamento e no pensamento dos telespectadores.
As belas mulheres dos dias de hoje, com lindas bundas à mostra, nem de longe se parecem com as belas de décadas atrás. E nisso não está implicito apenas a beleza física, mas a comportamental e psicológica.Isso me trouxe recordações de uma época em que eu não vivi, mas que tenho grande admiração: A era das grandes divas de cinema dos anos 50...
Elas eram mulheres de uma beleza e sensualidade singular, que hipnotizavam os homens e mulheres sem precisar se expor ou cair no ridículo. O glamour e o modo de se vestir valorizavam-as e transpareciam a feminilidade sem exagero. Este foi o padrão difundido pela mídia na época, mas era algo que afetava de maneira positiva o imaginário das pessoas. As mulheres procuravam manter a elegancia e o ar de mistério ao mesmo tempo em que se tornavam independentes.
Acontece que no final dessa fase de ouro das grandes divas, as mulheres enfim conseguiram a emancipação sexual, política, social e financeira. E isso foi um acontecimento fantástico! Mas calma, que é aí que mora o perigo e eu vou explicar, fazendo um breve panorama das mulheres e a mídia ao longo do tempo até chegar nos dias de hoje.
A grande mudança social que foi a emancipação feminina, se alastrou no ocidente e parte do oriente através dos grandes veículos de comunicação. O novo padrão social e estético foi difundido em propagandas para as mulheres modernas, revistas femininas, seriados,filmes etc. Nesse primeiro momento posso dizer que isso foi muito importante. Mas como nada é perfeito se tratando de veículos de comunicação de massa, depois da total absorção desse comportamento pelas pessoas, a mídia teve livre acesso para manipular e exibir esse conteúdo à sua maneira. É aí que entra a vulgarização da imagem da mulher.
Nessa época houve a grande ascensão da indústria pornográfica, das revistas masculinas entre outras coisas que contribuíram para esssa nova forma de ver a mulher. Então da década de 70 pra frente o padrão de mulher bela é de mulher exposta. A mulher dita bonita, é aquela que usa calças apertadas e decotes cavadíssimos, ou que não usa nada mesmo; É aquela que não tem elegancia alguma, mas é 'gostosa'.
Essa nova imagem deixa os homens loucos ao mesmo passo em que os mesmos desvalorizam a mulher. E a própria mulher acaba por se desvalorizar, tentando a todo custo chegar àquele patamar de beleza.
O pior é que para consolidar esse novo padrão, a indústria cultural se valeu das grandes questões feministas das décadas de 50 e 60: A liberdade sexual, o desprendimento, etc. Ao distorcer essas questões, os grandes veículos de comunicação tiraram as mulheres de uma posição revolucionária e colocaram-as em uma posição de vítimas, afetando totalmente o equilibrio emocional e comportamental das pessoas. A independencia feminina agora se tornou motivo para o fim do cavalheirismo (aquela velha frase imbecil, não eram vocês que queriam igualdade?), e para a desvalorização do corpo e da inteligência da mulher.
Essa confusão foi instaurada pela mídia e pela falta de preparo das pessoas em saber lidar com as informações passadas por esses veículos. O resultado disso hoje em dia, são mulheres vulgarizadas, desesperadas à procura de elgo que não existe, casamentos arruinados, homens que mais parecem cavalos( é, porque eles também foram desvalorizados), dancinhas das cachorras e por vaí...
Quem é mulher e está lendo isso aqui, ou mesmo quem é homem, já deve ter ouvido absurdos ao longo da sua existência. Aquela velha conversa de bar, a cantada barata, o cara que te leva pra cama e some,etc. Eu mesma já ouvi uma pérola e tanto- e não foi só uma vez : É, tu não és uma mulher vaidosa, né Bia? E isso apenas porque não faz parte da minha visão de feminilidade e sensualidade usar certos tipos de roupas ou me portar de certas maneiras. A beleza e a sensualidade estão na essência feminina, basta aflora-las, e é por isso que eu fico com o charme e o glamour das grandes divas, mulheres independentes e inteligentes e que tinham a seus pés os eternos e sedutores cavalheiros.
Desculpa Maria Fernanda, você é linda, mas houve uma influência determinante por parte da tal emissora de TV no resultado final do concurso. Influência essa que existe desde o surgimento da tv e que atua diretamente no comportamento e no pensamento dos telespectadores.
As belas mulheres dos dias de hoje, com lindas bundas à mostra, nem de longe se parecem com as belas de décadas atrás. E nisso não está implicito apenas a beleza física, mas a comportamental e psicológica.Isso me trouxe recordações de uma época em que eu não vivi, mas que tenho grande admiração: A era das grandes divas de cinema dos anos 50...
Elas eram mulheres de uma beleza e sensualidade singular, que hipnotizavam os homens e mulheres sem precisar se expor ou cair no ridículo. O glamour e o modo de se vestir valorizavam-as e transpareciam a feminilidade sem exagero. Este foi o padrão difundido pela mídia na época, mas era algo que afetava de maneira positiva o imaginário das pessoas. As mulheres procuravam manter a elegancia e o ar de mistério ao mesmo tempo em que se tornavam independentes.
Acontece que no final dessa fase de ouro das grandes divas, as mulheres enfim conseguiram a emancipação sexual, política, social e financeira. E isso foi um acontecimento fantástico! Mas calma, que é aí que mora o perigo e eu vou explicar, fazendo um breve panorama das mulheres e a mídia ao longo do tempo até chegar nos dias de hoje.
A grande mudança social que foi a emancipação feminina, se alastrou no ocidente e parte do oriente através dos grandes veículos de comunicação. O novo padrão social e estético foi difundido em propagandas para as mulheres modernas, revistas femininas, seriados,filmes etc. Nesse primeiro momento posso dizer que isso foi muito importante. Mas como nada é perfeito se tratando de veículos de comunicação de massa, depois da total absorção desse comportamento pelas pessoas, a mídia teve livre acesso para manipular e exibir esse conteúdo à sua maneira. É aí que entra a vulgarização da imagem da mulher.
Nessa época houve a grande ascensão da indústria pornográfica, das revistas masculinas entre outras coisas que contribuíram para esssa nova forma de ver a mulher. Então da década de 70 pra frente o padrão de mulher bela é de mulher exposta. A mulher dita bonita, é aquela que usa calças apertadas e decotes cavadíssimos, ou que não usa nada mesmo; É aquela que não tem elegancia alguma, mas é 'gostosa'.
Essa nova imagem deixa os homens loucos ao mesmo passo em que os mesmos desvalorizam a mulher. E a própria mulher acaba por se desvalorizar, tentando a todo custo chegar àquele patamar de beleza.
O pior é que para consolidar esse novo padrão, a indústria cultural se valeu das grandes questões feministas das décadas de 50 e 60: A liberdade sexual, o desprendimento, etc. Ao distorcer essas questões, os grandes veículos de comunicação tiraram as mulheres de uma posição revolucionária e colocaram-as em uma posição de vítimas, afetando totalmente o equilibrio emocional e comportamental das pessoas. A independencia feminina agora se tornou motivo para o fim do cavalheirismo (aquela velha frase imbecil, não eram vocês que queriam igualdade?), e para a desvalorização do corpo e da inteligência da mulher.
Essa confusão foi instaurada pela mídia e pela falta de preparo das pessoas em saber lidar com as informações passadas por esses veículos. O resultado disso hoje em dia, são mulheres vulgarizadas, desesperadas à procura de elgo que não existe, casamentos arruinados, homens que mais parecem cavalos( é, porque eles também foram desvalorizados), dancinhas das cachorras e por vaí...
Quem é mulher e está lendo isso aqui, ou mesmo quem é homem, já deve ter ouvido absurdos ao longo da sua existência. Aquela velha conversa de bar, a cantada barata, o cara que te leva pra cama e some,etc. Eu mesma já ouvi uma pérola e tanto- e não foi só uma vez : É, tu não és uma mulher vaidosa, né Bia? E isso apenas porque não faz parte da minha visão de feminilidade e sensualidade usar certos tipos de roupas ou me portar de certas maneiras. A beleza e a sensualidade estão na essência feminina, basta aflora-las, e é por isso que eu fico com o charme e o glamour das grandes divas, mulheres independentes e inteligentes e que tinham a seus pés os eternos e sedutores cavalheiros.
Catarine Deneuve
Elizabeth Taylor
Brigite Bardot
Batty Davis.
Greta Garbo.
Marilyn Monroe.
* Na primeira foto é a Grace kelly.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Feliz aniversário!
Hoje este singelo blog está comemorando 1 ano!
Nesse curto período foram publicados textos autorais sobre curiosidades, música, movimentos sociais e também crônicas, poemas e causos do cotidiano.
Confesso que larguei ele de mão várias vezes, escrevi pouco, entre outras coisas. Mas mesmo assim, sou feliz com o conteúdo dele e espero continuar tendo idéias e tempo para escrever coisas legais, que informem e distraiam, como o próprio nome do blog propõe.
Sem mais firoulas, parabéns e muitos franguinhos giradores!
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Fronteiras da mente.
Para ouvir ao som de: A mensseger to you Rudy- The Specials.
E mais notícias do Haiti: O país será reconstruído com a ajuda das Nações Unidas. Nessa hora a minha avó me fez uma pergunta pertinente: 'Me explica porque essas pessoas vão reconstruir e continuar a viver em um lugar onde o risco de tragédias é tão grande?' Em fração de segundos, pensei a respeito e me lembrei do post da Jéssica Oliveira que eu li esses dias. O título é 'Mais brasileira do que nunca'. Lá ela conta a sua experiência de viagem na Alemanha e a preferencia pelo seu país, apesar das belezas do local.
Depois desse flash, eu respondi: 'É por causa do nacionalismo, vó. Eles não vão sair de lá mesmo que caia tudo na cabeça deles outra vez, e lhe garanto que se isso tivesse acontecido aqui no Brasil o pensamento seria o mesmo'. Ela ficou com um ar pensativo e depos assentiu com a cabeça, satisfeita com a resposta. Pena que eu, que respondi, não fiquei tão satisfeita.
Como pode nos dias de hoje, num mundo que se diz globalizado, as pessoas ainda se prederam a esse tipo de coisa? Tirando todo esse blábláblá de cultura regional e tradição, que a gente já sabe que não é genuíno -Ou que pelo menos se um dia foi, hoje não é mais- e mais todo esse bafafá racial e religioso;Como pode as pessoas se prenderem à linhas imaginárias e ideologias que só foram impostas pra perpetuar o poder de alguém?
A construção do espírito nacional vem de tempos. Foi perpetuado lentamente nos territórios, até chegar um momento em que ficou encrostrado no imaginario das pessoas. O Brasil é um memorável exemplo disso: País colonizado e escravizado por interesses alheios. Quando virou república, grande parte da população nem entendeu, nem tinha sentimento de nação e muito menos sabia cantar aquele hino boniiito e espalhafatoso. Lembrem das aulas de história, de Tiradentes!
No texto da Jéssica contava uma curiosidade triste sobre o povo alemão; Lá, eles ainda nutrem o sentimento de culpa e vergonha pelos acontecimentos da segunda guerra, nazismo, etc. E pasmem, essa culpa é ensinada nas escolas! Isso só reforça a idéia de que as fronteiras nacionais só geram intolerância, culpa e preconceito, pois se hoje eles se sentem assim, é por conta de um nacionalismo cego que vitimou eles e pessoas de outras origens. País destroçado, como o 'orgulho' ferido...daí aparece um homem iluminado que vai reerguer o país...
Posso citar exemplos simples e atuais, como os casos que aconteceram nos aeroportos de Madri, as torcidas organizadas européias e até o caso do comissário americano que chamou o cantor Dudu Nobre de macaco. Essas atitudes que advém do nacionalismo, só geram conflitos que em grandes escalas- ou por qualquer motivo- ocasionam guerra.
Tá certo o cara ter carinho pelo lugar onde ele nasceu e foi criado, mas daí se prender totalmente a fronteiras e ainda por cima muitas vezes contruir opiniões arbitrárias a cerca das outras pessoas,é algo que não dá pra compreender.
É triste saber que por ser uma tradição milenar, o nacionalismo e as fronteiras mundiais são uma questão sem solução. O preconceito e o sentimento de superioridade ainda vão continuar, em todos os âmbitos.Um retrocesso num mundo tão avançado tecnológicamente. Para quem ainda se permite um pouco, ainda existe a possibilidade de observar e entrar em contato outros lugares, histórias e pessoas, mas de longe, através da tela do computador; Nada de se deixar envolver de fato. Fica tudo para a realidade simulacional.
P.s.Coloquei como tema musical um som do The Specials, banda de ska 2tone, que prega o pacifismo e união racial. Boa banda, confiram!
E mais notícias do Haiti: O país será reconstruído com a ajuda das Nações Unidas. Nessa hora a minha avó me fez uma pergunta pertinente: 'Me explica porque essas pessoas vão reconstruir e continuar a viver em um lugar onde o risco de tragédias é tão grande?' Em fração de segundos, pensei a respeito e me lembrei do post da Jéssica Oliveira que eu li esses dias. O título é 'Mais brasileira do que nunca'. Lá ela conta a sua experiência de viagem na Alemanha e a preferencia pelo seu país, apesar das belezas do local.
Depois desse flash, eu respondi: 'É por causa do nacionalismo, vó. Eles não vão sair de lá mesmo que caia tudo na cabeça deles outra vez, e lhe garanto que se isso tivesse acontecido aqui no Brasil o pensamento seria o mesmo'. Ela ficou com um ar pensativo e depos assentiu com a cabeça, satisfeita com a resposta. Pena que eu, que respondi, não fiquei tão satisfeita.
Como pode nos dias de hoje, num mundo que se diz globalizado, as pessoas ainda se prederam a esse tipo de coisa? Tirando todo esse blábláblá de cultura regional e tradição, que a gente já sabe que não é genuíno -Ou que pelo menos se um dia foi, hoje não é mais- e mais todo esse bafafá racial e religioso;Como pode as pessoas se prenderem à linhas imaginárias e ideologias que só foram impostas pra perpetuar o poder de alguém?
A construção do espírito nacional vem de tempos. Foi perpetuado lentamente nos territórios, até chegar um momento em que ficou encrostrado no imaginario das pessoas. O Brasil é um memorável exemplo disso: País colonizado e escravizado por interesses alheios. Quando virou república, grande parte da população nem entendeu, nem tinha sentimento de nação e muito menos sabia cantar aquele hino boniiito e espalhafatoso. Lembrem das aulas de história, de Tiradentes!
No texto da Jéssica contava uma curiosidade triste sobre o povo alemão; Lá, eles ainda nutrem o sentimento de culpa e vergonha pelos acontecimentos da segunda guerra, nazismo, etc. E pasmem, essa culpa é ensinada nas escolas! Isso só reforça a idéia de que as fronteiras nacionais só geram intolerância, culpa e preconceito, pois se hoje eles se sentem assim, é por conta de um nacionalismo cego que vitimou eles e pessoas de outras origens. País destroçado, como o 'orgulho' ferido...daí aparece um homem iluminado que vai reerguer o país...
Posso citar exemplos simples e atuais, como os casos que aconteceram nos aeroportos de Madri, as torcidas organizadas européias e até o caso do comissário americano que chamou o cantor Dudu Nobre de macaco. Essas atitudes que advém do nacionalismo, só geram conflitos que em grandes escalas- ou por qualquer motivo- ocasionam guerra.
Tá certo o cara ter carinho pelo lugar onde ele nasceu e foi criado, mas daí se prender totalmente a fronteiras e ainda por cima muitas vezes contruir opiniões arbitrárias a cerca das outras pessoas,é algo que não dá pra compreender.
É triste saber que por ser uma tradição milenar, o nacionalismo e as fronteiras mundiais são uma questão sem solução. O preconceito e o sentimento de superioridade ainda vão continuar, em todos os âmbitos.Um retrocesso num mundo tão avançado tecnológicamente. Para quem ainda se permite um pouco, ainda existe a possibilidade de observar e entrar em contato outros lugares, histórias e pessoas, mas de longe, através da tela do computador; Nada de se deixar envolver de fato. Fica tudo para a realidade simulacional.
P.s.Coloquei como tema musical um som do The Specials, banda de ska 2tone, que prega o pacifismo e união racial. Boa banda, confiram!
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Nossas cenas de cinema de cada dia.
Hoje antes de sair de casa, foi que de fato eu parei para assistir as cenas do desastre no Haiti. Sabia da gravidade da tragédia, mas não tinha me tomado por tal fato antes, justamente pela infeliz banalidade que a minha profissão cria em torno desse tipo de acontecimento. (Até semana passada o assunto era o deslizamento de terra em Angra dos Reis e a jovem Yumi).
Mas o que realmente prendeu a minha atenção hoje, foi a maneira como a notícia foi abordada. As cenas mostradas não foram apenas de tragédia, sangue, etc . Foram cenas que transpareceram o sofrimento humano. E por causa disso, eu me pus a pensar sobre as várias formas de se transmitir uma notícia, o efeito que ela causa e a preferência do público.
Há teóricos que defendem a idéia de que o jornalismo se pauta no que o povo gosta. Se gostam de violência, da-lhe violência, se gostam de bundas e de futebol, vamos encher eles disso. Confesso que quando eu entrei em contato com essa idéia, ela me tentou muito, pelo fato de que ninguém é obrigado a assistir ou ler o que não quer, e também pela opinião pública bem ou mal surtir efeito no formato dos programas de tv, jornais, etc.
Mas em contrapartida eu me lembrei do poder que a comunicação de massa tem, de imobilizar e alienar as pessoas. E isso ocorre em escalas em monstruosas em Países subdesenvolvidos, ops, em desenvolvimento, como o Brasil, onde o nível de escolaridade ainda é precário. Isso me fez levantar uma velha questão: Será que o povo gosta mesmo dessa mediocridade midiática ou foi induzido a gostar? E se caísse uma benevolência dos céus e enfim a população tivesse acesso à uma educação de verdade e também a uma forma menos uma tacanha de Comunicação; Será que não iriam preferir essa nova maneira?
Quanto ao primeiro questionamento nem vou entrar agora no mérito, por já ser tão batido e irritante e não chegar a lugar algum. Agora quanto ao segundo ... Eu não ganho nada com isso, mas apesar de tudo ainda acredito na inteligência e na sensibilidade humana; Só falta um 'empurrãozinho' .
Então, voltando as tragédias.
Passeando pela net, eu encontrei uma exposição fotográfica do Estadão, com fotos que marcaram a última década. Selecionei algumas que mostram bem esse casamento do jornalismo com o 'humanismo'. Note que nenhuma delas abordam de maneira explícita a violência e o desastre, no estilo 'mais parece cena de cinema ". De uma forma sutíl, as imagens transparecem a realidade e o sofrimento humano, conseguindo assim, captar o que resta da nossa sensibilidade. Se isso fosse percebido por grande parte das pessoas, haveria uma repercussão positiva não cotidiano da sociedade em diversos aspectos, e o papel que cabe ao jornalismo seria finalmente cumprido.
Mas o que realmente prendeu a minha atenção hoje, foi a maneira como a notícia foi abordada. As cenas mostradas não foram apenas de tragédia, sangue, etc . Foram cenas que transpareceram o sofrimento humano. E por causa disso, eu me pus a pensar sobre as várias formas de se transmitir uma notícia, o efeito que ela causa e a preferência do público.
Há teóricos que defendem a idéia de que o jornalismo se pauta no que o povo gosta. Se gostam de violência, da-lhe violência, se gostam de bundas e de futebol, vamos encher eles disso. Confesso que quando eu entrei em contato com essa idéia, ela me tentou muito, pelo fato de que ninguém é obrigado a assistir ou ler o que não quer, e também pela opinião pública bem ou mal surtir efeito no formato dos programas de tv, jornais, etc.
Mas em contrapartida eu me lembrei do poder que a comunicação de massa tem, de imobilizar e alienar as pessoas. E isso ocorre em escalas em monstruosas em Países subdesenvolvidos, ops, em desenvolvimento, como o Brasil, onde o nível de escolaridade ainda é precário. Isso me fez levantar uma velha questão: Será que o povo gosta mesmo dessa mediocridade midiática ou foi induzido a gostar? E se caísse uma benevolência dos céus e enfim a população tivesse acesso à uma educação de verdade e também a uma forma menos uma tacanha de Comunicação; Será que não iriam preferir essa nova maneira?
Quanto ao primeiro questionamento nem vou entrar agora no mérito, por já ser tão batido e irritante e não chegar a lugar algum. Agora quanto ao segundo ... Eu não ganho nada com isso, mas apesar de tudo ainda acredito na inteligência e na sensibilidade humana; Só falta um 'empurrãozinho' .
Então, voltando as tragédias.
Passeando pela net, eu encontrei uma exposição fotográfica do Estadão, com fotos que marcaram a última década. Selecionei algumas que mostram bem esse casamento do jornalismo com o 'humanismo'. Note que nenhuma delas abordam de maneira explícita a violência e o desastre, no estilo 'mais parece cena de cinema ". De uma forma sutíl, as imagens transparecem a realidade e o sofrimento humano, conseguindo assim, captar o que resta da nossa sensibilidade. Se isso fosse percebido por grande parte das pessoas, haveria uma repercussão positiva não cotidiano da sociedade em diversos aspectos, e o papel que cabe ao jornalismo seria finalmente cumprido.
Moça tomando banho após tragédia no Haiti. Foto: Ariana Cubillos
Explosão de gasoduto na Nigéria. Foto: Arkintunde Arkinleye
Soldado ameriacano carregando criança iraquiana. Foto: Damir Sagolj
Prisioneiro iraquiano junto ao filho de quatro anos. Soldado americanos não quiseram separa-los. Foto: Jean-Marc Bouju
Menino palestino abordado por soldados israelenses. Foto: Evelyn Hockeinsten
Incêndio em barracos na favela do Buraco Quente, Rio de Janeiro. Foto: J. F. Diorio.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
sobre as minhas contrações literárias.
O ser humano vive em constante mutação; E só quem tem proximidade com alguém consegue acompanhar esses passos rápidos de uma maneira natural. A pessoa que tu eras há anos atrás é ultrapassada a todo momento, apesar de amigos distantes ainda lembrarem de ti por antigas peculiaridades.
Acho que é por conta dessa dialética é que dizem que só há duas maneiras de se perpetuar no mundo; Ou através dos descendentes ou da Obra. Em relação a obra, é justamente buscar nos acontecimentos diários a inspiração pra fazer algo maior.E é isso que vem acontecendo comigo.
Não que eu tenha a pretensão de fazer algo apenas para me perpetuar - mesmo porque, naturalmente isso vai acontecer através da primeira opção- mas de uns tempos pra cá, eu venho sentindo uma necessidade muito grande de criar. E essa vontade está adquirindo forças desproporcionais. As contrações de idéias estão se tornando cada vez mais dolorosas e sufocantes.Apesar disso eu ainda não me sinto apta, digna, seja lá o que for, pra começar. É porque na minha cabeça, o cara só se torna merecedor da arte na sua fase madura.Aquela velha brincadeira 'só vou dirigir um filme depois dos 50'. Mas eu sei que isso é uma tolice.
Só espero também que eu não esteja com o mal marxiano de achar que nunca está bom - É, porque passar mais de 20 anos pra finalizar um livro é um tremendo exagero.
Isso até me lembra uma estória; A de um pintor que queria fazer a obra da vida dele e por anos deteve-se em pequenos detalhes. Enquanto isso conhecidos e a sociedade esperavam com espectativa para ver o quadro. Anos e anos depois, ele concluiu a obra e resolveu mostra-la para o seu melhor amigo. O artista enfim retirou o pano de cima do quadro para que ele fosse visto, e quando isso aconteceu o semblante do amigo foi de horror. Beleza nenhuma tinha naquele quadro, totalmente desfigurado. O autor caiu em grande depressão por ter jogado fora tantos anos da sua vida em uma obra morta. Não me lembro o final de estória, mas se eu não me engano, ele toca fogo no quadro, no atelier e permance lá, até ter o seu corpo tomado pelas brazas.
É claro que o meu perfeccionismo não é pra tanto, mas por causa dele ainda estou - E sempre estarei - amadurecendo a minha escrita e minhas idéias com leitura.Caio Fernando Abreu, Nelson Rodrigues,Bukowsky, Machado de Assis, John Steimbeck, Kerouac e os poetas marginais do Rio e de São Paulo, meus mestres. Mas sempre tem espaço para novas influências; Dalton Trevisan, Lourenço Mutarelli, Agatha Cristie, Henry Miller e Anais Nin. De todos eles eu tento absorver a riqueza dos detalhes e das personagens, o existencialismo e o erotismo, linha que eu pretendo seguir nos meus escritos. Espero que com todo esse laboratório e essa metamorfose diária, eu consiga chegar ao menos perto de uma boa obra literária.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
As ervas da Loura.
Na barraca da Socorro Loura tem receita pra tudo; Desde chás curativos para doenças hepáticas até banhos para atrair sorte, prosperidade, e é claro, amor. Há mais de 24 anos trabalhando como erveira na feira do Ver-o-peso, ela conquistou espaço no mercado e tornou-se figura conhecida na cidade pelas suas ervas mágicas e pelo jeito simples e encantador com que trata seus clientes. Em entrevista exclusiva, Loura conta um pouco da sua história e do seu trabalho.Confiram!
Repórter: A senhora trabalha há 24 anos na feira do Ver-o-peso. Conte um pouco da sua tragetória no mercado das ervas.
Socorro Loura: Tenho 24 anos de barraca no Ver-o-peso, mas trabalho aqui há muito mais tempo! Desde que eu tinha 12 anos vinha pra cá carregando na cabeça paneiros cheio de ervas que eu vendia para os comerciantes das barracas e para as pessoas que passavam. Anos depois é que eu consegui montar o meu ponto.
Repórter: Nesses anos todos de trabalho no Ver-o-peso a senhora atraiu a curiosidade de pessoas quanto aos seus produtos, além de conquistar clientes fixos, tornando-se uma vendedora conhecida na cidade. Pra você, qual o segredo dessa procura?
Socorro Loura: Eu acredito que o segredo é a dedicação com que eu trato os meus clientes. Sou uma pessoa muito espontânea e sempre procuro conversar e fazer amizade. Daí eles compram os meus produtos, conseguem o resultado esperado e sempre voltam, e ainda indicam a minha barraca para outras pessoas.
Repórter: E quanto aos produtos que a senhora vende; Qual o diferencial deles para os vendidos nas outras barracas de ervas?
Socorro Loura: Todos os produtos vendidos na minha barraca são preparados por mim. Alguns deles são iguais aos que são vendidos nas outras barracas, mas outros são exclusivos. A garrafada para engravidar, por exemplo, fui eu que inventei há anos atrás e ela virou um sucesso.
Repórter: Muitas pessoas procuram a senhora em busca de atrativos pessoais e chás para a cura de diversas doenças. Teve algum caso interessante de cura de algum cliente por meio dos seus chás e banhos?
Socorro Loura: Várias pesoas desenganadas por médicos já vieram me procurar e conseguiram se curar através dos chás e das garrafadas. Certa vez, uma cliente que estava com mioma comprou uma Batida de Babosa comigo e dias depois ligou contando que tinha expelido o tumor. Tempos depois ela conseguiu engravidar.
Repórter: E desses produtos, quais são os mais procurados pelos clientes?
Socorro Loura: Todos os produtos tem um ótima saída, mas o Chá de Viagra natural é o mais procurado pelos homens que estão passando por algumas dificuldades...(risos). Outros muito procurados são o Banho da sorte e defesa e o Banho do descarrego.
Repórter: Qual foi a coisa mais importante que a senhora conseguiu conquistar durante todos eses anos de trabalho?
Socorro Loura: Com certeza foi ter conseguido criar os meus quatro filhos com o dinheiro das minhas vendas. Tudo o que eu não tive, eu pude dar pra eles com o esforço do meu trabalho. Este ano por exemplo, o meu filho se formou em Ciências Contábeis e tudo isso graças a minha barraca. É a minha maior felicidade!
Repórter: A história que a senhora construiu como vendedora de ervas em Belém acabou ficando conhecida em outros Estados e Países, tanto que no ano passado foi premiada em São Paulo. Qual a sensação de ver o seu trabalho reconhecido dessa forma?
Socorro Loura: Fiquei muito feliz de ganhar um prêmio em São Paulo e mostrar um pouco do meu trabalho. Durante o evento eu expus os meus produtos em uma barraca intitulada 'Ver-o-peso'. Quando as pessoas liam a placa e viam os banho e ervas, ficavam num alvoroço só. Foi muito bom.
Repórter: Este ano a cidade de Belém está completando 394 anos. Para você, qual a importância do mercado do Ver-o-peso para a cidade?
Socorro Loura: O Ver-o-peso é um lugar muito importante, é um cartão postal do mundo. Muitos turistas visitam o mercado e ficam maravilhados com a beleza e com os produtos vendidos. E também ele é importante para nós que trabalhamos aqui, pois é daqui que tiramos o sustento das nossas famílias. Tenho muito orgulho de trabalhar no ver-o-peso, ele é a minha segunda casa. Se eu pudesse, atava uma rede e morava aqui de vez!
As ervas da Loura.
Na barraca da Socorro Loura tem receita pra tudo; Desde chás curativos para problemas hepáticos até banhos para atrair sorte, prosperidade e é claro, amor. Há mais de 24 anos trabalhando como erveira na feira do Ver-o-peso, Socorro conquistou espaço no mercado e se tornou figura conhecida na cidade pelas suas ervas mágicas e pelo jeito simples e encantador com que ela trata os seus clientes. Em entrevista exclusiva ela falou um pouco da sua história e do seu trabalho. Confira!
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