"Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade".
(Frida Kahlo)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Segundo a astrologia, o inferno astral ocorre  no mês que antecede o aniversário da pessoa. Bom, talvez essa já seja a prévia de Fevereiro, ou talvez o meu inferno astral seja constante, porque esse assunto não tem hora pra passar pela minha cabeça.Acontece que volta e meia eu me sinto ameaçada pela realidade que eu mesma escolhi. Eu digo isso com toda a propriedade: Eu tenho todos os motivos do mundo largar de mão e mandar se foder o Jornalismo.
Primeiro por ser uma profissão acossada pelos grandes anunciantes e políticos, anulando assim a sua principal função, que é a de mostrar os fatos como eles realmente são - e não como alguém quer que eles sejam.Certa vez eu li uma citação que dizia que só quem possui a tal liberdade de imprensa são os donos dos jornais. Essa aí todo mundo sabe,mas cabeça dura que eu sou insisti  mesmo assim. 
O segundo é essa romantização estúpida que os profissionais fazem . Aquela coisa 'Áh, agente tem que se sacrificar mesmo.A gente trabalha muito, ganha pouco, e não tem nenhuma garantia dentro da empresa, mas a vida é assim mesmo, faz parte da profissão ...' ´´Como se quizessem provar que jornalista bom é jornalista que se mata em prol da notícia. Eu me mato em prol de uma notícia também, se ela for real e não parcial. Mas quanto ao salário, eu não compactuo com isso necas- necas. Pra mim esse tipo de atitude subserviente é que perpetua essa relação desumana de poder.
Três.Eu tô me especializando, tô pagando uma nota preta pra aprimorar as minhas habilidades e ter respaldo para exercer a profissão. Dentro disso se incluem dois grandes absurdos: A não obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão e os salários que muitas vezes não ultrapassam o que tu gastastes com a faculdade.
Agora, pegue tudo isso e multiplique por 10 que você vai entender o drama. Sou estudante de jornalismo em Belém do Pará, onde existe um monopólio de comunicação ridículo  Aqui, para conseguir uma vaguinha pra ser chamado de estagiário com tom de desdém é uma luta. Aqui, ser respeitado como profissional é coisa de outro mundo.Ganha-se mal (no mínimo tem que ter dois empregos para viver razoavelmente) e não há estabilidade alguma ou plano de carreira- A não ser é claro que o cara tenha sido indicado, ou seja um bom do puxa-saco, ou que abra as pernas pra editor chege, diretor, etc.
Mas o que é mais cômico no meio de toda essa sujeirada é ver o naipe de muitos profissionais explorados da comunicação. Todos em cima do salto.E é nessa hora que eu fico pensando: Como é que pode numa profissão que exige o contato direto com a comunidade, com o povão mesmo, ter tanto profissional metido a besta?
Sabe, a vontade que me dá é de mandar todo mundo ir a merda e cair fora. Pena que apesar de tudo isso, essa é a única coisa que eu sei fazer.

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