"Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade".
(Frida Kahlo)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

sobre as minhas contrações literárias.

O ser humano vive em constante mutação; E só quem tem proximidade com alguém consegue acompanhar esses passos rápidos de uma maneira natural. A pessoa que tu eras há anos atrás é ultrapassada a todo momento, apesar de amigos distantes ainda lembrarem de ti por antigas peculiaridades.
Acho que é por conta dessa dialética é que dizem que só há duas maneiras de se perpetuar no mundo; Ou através dos descendentes ou da Obra. Em relação a obra, é justamente buscar nos acontecimentos diários a inspiração pra fazer algo maior.E é isso que vem acontecendo comigo.
 Não que eu tenha a pretensão de fazer algo apenas para me perpetuar - mesmo porque, naturalmente isso vai acontecer através da primeira opção- mas de uns tempos pra cá, eu venho sentindo uma necessidade muito grande de criar. E essa vontade está adquirindo forças desproporcionais. As contrações de idéias estão se tornando cada vez mais dolorosas e sufocantes.
Apesar disso eu ainda não me sinto apta, digna, seja lá o que for, pra começar. É porque na minha cabeça, o cara só se torna merecedor da arte na sua fase madura.Aquela velha brincadeira 'só vou dirigir um filme depois dos 50'. Mas eu sei que isso é uma tolice.
 Só espero também que eu não esteja com o mal marxiano de achar que nunca está bom - É, porque passar mais de 20 anos pra finalizar um livro é um tremendo exagero.
Isso até me lembra uma estória; A de um pintor que queria fazer a obra da vida dele e por anos deteve-se em pequenos detalhes. Enquanto isso conhecidos e a sociedade esperavam com espectativa para ver o quadro. Anos e anos depois, ele concluiu a obra e resolveu mostra-la para o seu melhor amigo. O artista enfim retirou o pano de cima do quadro para que ele fosse visto, e quando isso aconteceu o semblante do amigo foi de horror. Beleza nenhuma tinha naquele quadro, totalmente desfigurado. O autor caiu em grande depressão por ter jogado fora tantos anos da sua vida em uma obra morta. Não me lembro o final de estória, mas se eu não me engano, ele toca fogo no quadro, no atelier e permance lá, até ter o seu corpo tomado pelas brazas.
   É claro que o meu perfeccionismo não é pra tanto, mas por causa dele ainda estou - E sempre estarei - amadurecendo a minha escrita e minhas idéias com leitura.Caio Fernando Abreu, Nelson Rodrigues,Bukowsky, Machado de Assis, John Steimbeck, Kerouac e os poetas marginais do Rio e de São Paulo, meus mestres. Mas sempre tem espaço para novas influências; Dalton Trevisan, Lourenço Mutarelli, Agatha Cristie, Henry Miller e Anais Nin. De todos eles eu tento absorver a riqueza dos detalhes e das personagens, o existencialismo e o erotismo, linha que eu pretendo seguir nos meus escritos. Espero que com todo esse laboratório e essa metamorfose diária, eu consiga chegar ao menos perto de uma boa obra literária.




     

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