"Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade".
(Frida Kahlo)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Beleza à mesa.


Estávamos conversando ontem, meu amor e eu, sobre assuntos diversos, até que chegamos no tema beleza. Lembrei do concurso feito pela globo no final da década de 90 (acho que foi no fantástico), da mulher mais bela  do século. A lista incluia personalidades globais como a Xuxa, Vera Ficher, Ana Paula Arósio, etc. Quem ganhou o prêmio foi a Maria Fernanda Cândido, que na época estava emplacando em Terra Nostra e que realmente é uma mulher muito bonita e que tem um charme peculiar. Mas será que essa beleza era suficiente pra considera-la a mulher mais bela do século xx? Eis a questão.
Desculpa Maria Fernanda, você é linda, mas houve uma influência determinante por parte da tal emissora de TV no resultado final do concurso. Influência essa que existe desde o surgimento da tv e que atua diretamente no comportamento e no pensamento dos telespectadores.
As belas mulheres dos dias de hoje, com lindas bundas à mostra, nem de longe se parecem com as belas de décadas atrás. E nisso não está implicito apenas a beleza física, mas a comportamental e psicológica.Isso me trouxe recordações de uma época em que eu não vivi, mas que tenho grande admiração: A era das grandes divas de cinema dos anos 50...
Elas eram mulheres de uma beleza e sensualidade singular, que hipnotizavam os homens e mulheres sem precisar se expor ou cair no ridículo. O glamour e o modo de se vestir valorizavam-as e transpareciam a feminilidade sem exagero. Este foi o padrão difundido pela mídia na época, mas era algo que afetava de maneira positiva o imaginário das pessoas. As mulheres procuravam manter a elegancia e o ar de mistério ao mesmo tempo em que se tornavam independentes.
Acontece que no final dessa fase de ouro das grandes divas, as mulheres enfim conseguiram a emancipação sexual, política, social e financeira. E isso foi um acontecimento fantástico! Mas calma, que é aí que mora o perigo e eu vou explicar, fazendo um breve panorama das mulheres e a mídia ao longo do tempo até chegar nos dias de hoje.
A grande mudança social que foi a emancipação feminina, se alastrou no ocidente e parte do oriente através dos grandes veículos de comunicação. O novo padrão social e estético foi difundido em propagandas para as mulheres modernas, revistas femininas, seriados,filmes etc. Nesse primeiro momento posso dizer que isso foi muito importante. Mas como nada é perfeito se tratando de veículos de comunicação de massa, depois da total absorção desse comportamento pelas pessoas, a mídia teve livre acesso para manipular e exibir esse conteúdo à sua maneira. É aí que entra a vulgarização da imagem da mulher.
Nessa época houve a grande ascensão da indústria pornográfica, das revistas masculinas entre outras coisas que contribuíram para esssa nova forma de ver a mulher. Então da década de 70 pra frente o padrão de mulher bela é de mulher exposta. A mulher dita bonita, é aquela que usa calças apertadas e decotes cavadíssimos, ou que não usa nada mesmo; É aquela que não tem elegancia alguma, mas é 'gostosa'.
Essa nova imagem deixa os homens loucos ao mesmo passo em que os mesmos desvalorizam a mulher. E a própria mulher acaba por se desvalorizar, tentando a todo custo chegar àquele patamar de beleza.
O pior é que para consolidar esse novo padrão, a indústria cultural se valeu das grandes questões feministas das décadas de 50 e 60: A liberdade sexual, o desprendimento, etc. Ao distorcer essas questões, os grandes veículos de comunicação tiraram as mulheres de uma posição revolucionária e colocaram-as em uma posição de vítimas, afetando totalmente o equilibrio emocional e comportamental das pessoas. A independencia feminina agora se tornou motivo para o fim do cavalheirismo (aquela velha frase imbecil, não eram vocês que queriam igualdade?), e para a desvalorização do corpo e da inteligência da mulher.
Essa confusão foi instaurada pela mídia e pela falta de preparo das pessoas em saber lidar com as informações passadas por esses veículos. O resultado disso hoje em dia, são mulheres vulgarizadas, desesperadas à procura de elgo que não existe, casamentos arruinados, homens que mais parecem cavalos( é, porque eles também foram desvalorizados), dancinhas das cachorras e por vaí...
Quem é mulher e está lendo isso aqui, ou mesmo quem é homem, já deve ter ouvido absurdos ao longo da sua existência. Aquela velha conversa de bar, a cantada barata, o cara que te leva pra cama e some,etc. Eu mesma já ouvi uma pérola e tanto- e não foi só uma vez : É, tu não és uma mulher vaidosa, né Bia? E isso apenas porque não faz parte da minha visão de feminilidade e sensualidade usar certos tipos de roupas ou me portar de certas maneiras. A beleza e a sensualidade estão na essência feminina, basta aflora-las, e é por isso que eu fico com o charme e o glamour das grandes divas, mulheres independentes e inteligentes e que tinham a seus pés os eternos e sedutores cavalheiros.     


Catarine Deneuve



Elizabeth Taylor



Brigite Bardot



Batty Davis.



Greta Garbo.



Marilyn Monroe.

                                                                                                         

                                                                                                         * Na primeira foto é a Grace kelly.

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