Para ouvir ao som de: A mensseger to you Rudy- The Specials.
E mais notícias do Haiti: O país será reconstruído com a ajuda das Nações Unidas. Nessa hora a minha avó me fez uma pergunta pertinente: 'Me explica porque essas pessoas vão reconstruir e continuar a viver em um lugar onde o risco de tragédias é tão grande?' Em fração de segundos, pensei a respeito e me lembrei do post da Jéssica Oliveira que eu li esses dias. O título é 'Mais brasileira do que nunca'. Lá ela conta a sua experiência de viagem na Alemanha e a preferencia pelo seu país, apesar das belezas do local.
Depois desse flash, eu respondi: 'É por causa do nacionalismo, vó. Eles não vão sair de lá mesmo que caia tudo na cabeça deles outra vez, e lhe garanto que se isso tivesse acontecido aqui no Brasil o pensamento seria o mesmo'. Ela ficou com um ar pensativo e depos assentiu com a cabeça, satisfeita com a resposta. Pena que eu, que respondi, não fiquei tão satisfeita.
Como pode nos dias de hoje, num mundo que se diz globalizado, as pessoas ainda se prederam a esse tipo de coisa? Tirando todo esse blábláblá de cultura regional e tradição, que a gente já sabe que não é genuíno -Ou que pelo menos se um dia foi, hoje não é mais- e mais todo esse bafafá racial e religioso;Como pode as pessoas se prenderem à linhas imaginárias e ideologias que só foram impostas pra perpetuar o poder de alguém?
A construção do espírito nacional vem de tempos. Foi perpetuado lentamente nos territórios, até chegar um momento em que ficou encrostrado no imaginario das pessoas. O Brasil é um memorável exemplo disso: País colonizado e escravizado por interesses alheios. Quando virou república, grande parte da população nem entendeu, nem tinha sentimento de nação e muito menos sabia cantar aquele hino boniiito e espalhafatoso. Lembrem das aulas de história, de Tiradentes!
No texto da Jéssica contava uma curiosidade triste sobre o povo alemão; Lá, eles ainda nutrem o sentimento de culpa e vergonha pelos acontecimentos da segunda guerra, nazismo, etc. E pasmem, essa culpa é ensinada nas escolas! Isso só reforça a idéia de que as fronteiras nacionais só geram intolerância, culpa e preconceito, pois se hoje eles se sentem assim, é por conta de um nacionalismo cego que vitimou eles e pessoas de outras origens. País destroçado, como o 'orgulho' ferido...daí aparece um homem iluminado que vai reerguer o país...
Posso citar exemplos simples e atuais, como os casos que aconteceram nos aeroportos de Madri, as torcidas organizadas européias e até o caso do comissário americano que chamou o cantor Dudu Nobre de macaco. Essas atitudes que advém do nacionalismo, só geram conflitos que em grandes escalas- ou por qualquer motivo- ocasionam guerra.
Tá certo o cara ter carinho pelo lugar onde ele nasceu e foi criado, mas daí se prender totalmente a fronteiras e ainda por cima muitas vezes contruir opiniões arbitrárias a cerca das outras pessoas,é algo que não dá pra compreender.
É triste saber que por ser uma tradição milenar, o nacionalismo e as fronteiras mundiais são uma questão sem solução. O preconceito e o sentimento de superioridade ainda vão continuar, em todos os âmbitos.Um retrocesso num mundo tão avançado tecnológicamente. Para quem ainda se permite um pouco, ainda existe a possibilidade de observar e entrar em contato outros lugares, histórias e pessoas, mas de longe, através da tela do computador; Nada de se deixar envolver de fato. Fica tudo para a realidade simulacional.
P.s.Coloquei como tema musical um som do The Specials, banda de ska 2tone, que prega o pacifismo e união racial. Boa banda, confiram!