"Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade".
(Frida Kahlo)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Fronteiras da mente.

Para ouvir ao som de: A mensseger to you Rudy- The Specials.

E mais notícias do Haiti: O país será reconstruído com a ajuda das Nações Unidas. Nessa hora a minha avó me fez uma pergunta pertinente: 'Me explica porque essas pessoas vão reconstruir e continuar a viver em um lugar onde o risco de tragédias é tão grande?' Em fração de segundos, pensei a respeito e me lembrei do post da Jéssica Oliveira que eu li esses dias. O título é 'Mais brasileira do que nunca'. Lá ela conta a sua experiência de viagem na Alemanha e a preferencia pelo seu país, apesar das belezas do local.
Depois desse flash, eu respondi: 'É por causa do nacionalismo, vó. Eles não vão sair de lá mesmo que caia tudo na cabeça deles outra vez, e lhe garanto que se isso tivesse acontecido aqui no Brasil o pensamento seria o mesmo'. Ela ficou com um ar pensativo e depos assentiu com a cabeça, satisfeita com a resposta. Pena que eu, que respondi, não fiquei tão satisfeita.
Como pode nos dias de hoje, num mundo que se diz globalizado, as pessoas ainda se prederam a esse tipo de coisa? Tirando todo esse blábláblá de cultura regional e tradição, que a gente já sabe que não é genuíno -Ou que pelo menos se um dia foi, hoje não é mais- e mais todo esse bafafá racial e religioso;Como pode as pessoas se prenderem à linhas imaginárias e ideologias que só foram impostas pra perpetuar o poder de alguém?
A construção do espírito nacional vem de tempos. Foi perpetuado lentamente nos territórios, até chegar um momento em que ficou encrostrado no imaginario das pessoas. O Brasil é um memorável exemplo disso: País colonizado e escravizado por interesses alheios. Quando virou república, grande parte da população nem entendeu, nem tinha sentimento de nação e muito menos sabia cantar aquele hino boniiito e espalhafatoso. Lembrem das aulas de história, de Tiradentes!
  No texto da Jéssica contava uma curiosidade triste sobre o povo alemão; Lá, eles ainda nutrem o sentimento de culpa e vergonha pelos acontecimentos da segunda guerra, nazismo, etc. E pasmem, essa culpa é ensinada nas escolas! Isso só reforça a idéia de que as fronteiras nacionais só geram intolerância, culpa e preconceito, pois se hoje eles se sentem assim, é por conta de um nacionalismo cego que vitimou eles e pessoas de outras origens. País destroçado, como o 'orgulho' ferido...daí aparece um homem iluminado que vai reerguer o país...
 Posso citar exemplos simples e atuais, como os casos que aconteceram nos aeroportos de Madri, as torcidas organizadas européias e até o caso do comissário americano que chamou o cantor Dudu Nobre de macaco. Essas atitudes que  advém do nacionalismo, só geram conflitos que em grandes escalas- ou por qualquer motivo- ocasionam guerra.
Tá certo o cara ter carinho pelo lugar onde ele nasceu e foi criado, mas daí se prender totalmente a fronteiras e ainda por cima muitas vezes contruir opiniões arbitrárias a cerca das outras pessoas,é algo que não dá pra compreender.
É triste saber que por ser uma tradição milenar, o nacionalismo e as fronteiras mundiais são uma questão sem solução. O preconceito e o sentimento de superioridade ainda vão continuar, em todos os âmbitos.Um retrocesso num mundo tão avançado tecnológicamente. Para quem ainda se permite um pouco, ainda existe a possibilidade de observar e entrar em contato outros lugares, histórias e pessoas, mas de longe, através da tela do computador; Nada de se deixar envolver de fato. Fica tudo para a realidade simulacional.

P.s.Coloquei como tema musical um som do The Specials, banda de ska 2tone, que prega o pacifismo e união racial. Boa banda, confiram!

3 comentários:

  1. Nacionalismo, apesar de parecer uma boa ferramenta ideológica para unir uma nação, é um problema mesmo, por ser instruído de forma errada, por não abranger as diferenças, por ser fundamentalista. E problemas ideológicos são bem mais difíceis de serem solucionados... mexe com a aura de um povo.
    Não entendo como as pessoas se deixam permitir tão pouco e ainda se prender a ideias tão ultrapassadas. Sei que é histórico, mas tem tanto acontecimento mostrando que isso não é o viável...

    Bom, resta tentar ser o diferencial, né? Acredito nisso.

    Legal ver que meus textos são lidos. Gosto de ler o teu blog :)

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  2. Os europeus que primeiro exploraram essa terra tratavam por "brasileiros" os mestiços que levavam o pau-brasil do interior ao litoral, nas costas, de maneira insalubre.
    Pátria é isso, surgir e sofrer do mesmo jeito.
    Os laços que unem os nacionais são inexplicáveis pelos padrões exatos do pensamento. São sentidos ou não. São vividos ou não.
    Uma mesma pessoa pode ser argentina, cubana, brasileira, boliviana e chinesa, se ela puder respirar a origem e a essência desses povos.
    Coisa que não é fácil nem onde tu nasce.
    Políticos fazem guerras. Ódio gera ódio.
    Povos não, povos são a tentativa mais nobre da natureza de agrupar seres humanos em algo que vale a pena na existência: o senso de comunidade e a diferença como fator do descobrimento espiritual e a mútua troca de experiências e conhecimento.

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  3. Eu achei legal essa colocação tua, Igor, sobre os Povos, e concordo contigo. Pena que essa noção de comunidade,diferença e respeito não seja colocada em prática. E isso em parte não é culpa do povo e em parte é. Existe a política a demagogia e a mídia apelativa de um lado, mas do outro existem os livros, a consciência e a democracia falha mas que ainda dá o direito de escolha. Nessse tipo de questão ninguém é totalmente culpado ou inocente.Falta mesmo é algum tipo de exclarecimento para que essa caminhada melhore.


    Queria ser uma cidadã do mundo e poder andar por ai sem medos e sem amarras;conhecer pessoas e lugares, livres de preconceitos e de mesquinharias.

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