"Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade".
(Frida Kahlo)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Elas

Quando se encontram, riem até mesmo de coisas que não tem motivo. Seja em volta de uma mesa de bar, lanchonete ou mesmo caminhando pelas ruas, o que não falta é assunto. Um momento único, onde o tempo e o espaço se deslocam da realidade- embora ela sempre esteja em voga nas infinitas conversas. Mas mesmo assim, não se esquecem dos sonhos e seus significados, planos e reflexões sobre tudo o que já passou e o que ainda tem por vir.

Para cada momento e segredo existe uma mais apropriada- mas isso não é distinção, os sentimentos são singulares, como cada uma delas. Sempre há uma ocasião, um assunto ou uma saudade que pede mais uma delas. Assistir um filme água com açúcar, viajar, sair para comprar um presente. Cada uma com a sua sensibilidade. Uma fala de amor com paixão, outra fala com certa descrença, outra surpreende-se por não andar tão descrente nesses últimos tempos, e sente medo disso. Perseguem sucesso na carreira, na vida, nas suas camas. Tudo isso para enfim se aninharem no conforto do seu próprio mundo. A apaixonada vai ficar por aqui e ter uma penca de filhos. A desiludida e com a esperança mais bonita pretende conquistar o mundo. A aturdida com uma enxurrada de doces sentimentos até poderia ter um filho, mas pensa na tortura que é parar de fumar.

E como toda mulher que se preze, brigam. Pela vida e pela amizade, sempre com suas sutilezas (?) Ás vezes não falam nada, o desprezo é o suficiente, outras vezes quebram o pau mesmo. Acham o defeito da outra absolutamente insuportável e decepcionam-se quando veem que seus conselhos não valeram de nada. Prometem nunca mais perder tempo com isso e se perdem, ouvindo pacientemente tudo outra vez.

São amigas sem rédeas, que acima de qualquer estabilidade precisam de emoção. Na beira do rio, no meio fio, na tequila. Na sexta-feira soturna, no domingo de dúvidas. Se for o caso, elas até criam a situação, mas precisam de olhos atentos para apreciar tal ato. No mais, elas retocam a maquiagem com o espelhinho de mão, conversam da falta de dinheiro ao próximo filme do Wood Allen e descobrem que não importa o que aconteça, precisam sempre que der- e que esse der seja sempre- estar perto uma da outra.

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