"Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade".
(Frida Kahlo)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

As chaves do mundo imaginário.


Ela acordou e se sentiu extremamente pequena em relação aos móveis e cômodos da casa, mas em contrapartida suficiente grande pra carregar os seus sonhos nas costas -e mesmo que não fosse teria que dar conta, pois eles eram muito bonitos pra serem deixados pelo caminho.
Ela tinha um mundo imaginário, onde todas as coisas eram do jeito que ela sonhava.Mas apesar de ser a idealizadora desse mundo, nunca o tinha visitado, pois as chaves para entrar nele estavam nas mãos de um rei muito poderoso com o qual ela tentava duelar muito tempo mas nunca conseguia vencer.
Naquele dia mais uma vez ela iria lutar contra o rei. Se ela não o derrotasse dessa vez, para sempre ele ficaria com a chave e ela nunca iria poder morar no seu mundo imaginário.
Miúda ela vestiu as suas roupas que pareciam ser grandes demais naquele momento;Um escudo frágil e uma simples veste de cetim.Quando abriu o portão,sentiu um vento frio que  imaginou não aguentar, pelo menos não naquela condição de ser tão pequeno.Na mesma hora pensou que aquilo só podia ser mais uma armadilha do rei. Então pegou um guardachuvas, que posicionado no sentido do vento serviu como um seguro meio de transporte.
Quando a ventania acalmou, a pequena começou a caminhar assim, em pequenos passos, como em uma valsa tímida. Sabia que faltava muito pouco para o grande confronto e desejava muito derrotar o grande rei e salvar o seu mundo. Devia isso aos moradores dele, pessoas muito especiais que esperavam o momento dela viver ao lado deles e tudo virar uma festa.
 Ela tentou andar o mais rápido que pode, para chegar logo onde ela queria, mas suas perninhas não permitiam. Inconformada ela continuou a caminhada já que não havia outra solução.
A trilha que a levaria ao encontro do rei era cheia de segredos e armadilhas.O chão era repleto de pedras espinhosas e ovos gigantes de pássaros da noite. O ar era denso,uma fumaça branca que não permitia a visão do que tinha pela frente. Envolta nessa fumaça, sem querer a garotinha pisou em um ovo. O estalo do ovo quebrado foi semelhante a um trovão. Na mesma hora ela ouviu um canto que vinha dos altos e no meio daquela névoa ela avistou uma gigante ave negra. O animal piava com fúria e voava com toda a velocidade em sua direção. A menina ainda tentou correr, mas seu esforço foi em vão. O pássaro a alcançou com as suas garras, derrubando-a no chão.
     Depois do ataque o silêncio. Desmaiada no chão a menina permaneceu por muitas horas. Quando a tarde caiu os seus olhos se abriram. Foi levantando o seu corpo devagar, olhou ao redor. Ficou parada ali algum tempo, pensando no que tinha acontecido.Ficou com medo de continuar a caminhada, mas percebeu que não podia ficar ali, já que a noite estava prestes chegar. Deu um suspiro e voltou a caminhar.
   Estava chegando a hora do confronto!'Eu vou recuperar a chave do meu mundo imaginário, não vou deixar o rei roubar isso de mim!'. Determinada, a garotinha seguiu o resto do caminho, dessa vez com muito cuidado, evitando as pedras e os ovos. Quando estava quase chegando, ela começou a sentir o aroma de folhas úmidas. Esse cheiro lhe trouxe um bem estar muito grande e sem entender o seu corpo começou a crescer, tomando formas inimagináveis.Primeiro a sua cabeça, seguido dos pés e do coração. Em poucos segundos, cada passo que ela dava causava um grande tremor no solo. Os novos ares e a caminhada tinham lhe tornado grande o suficiente pra poder lutar contra o rei. Foi quando de longe ela pode avistar o imponente castelo.
Parou na porta de entrada e ele já estava a lhe esperar. Em tom de superioridade ele empunhou a sua arma mais simples, julgando que o duelo seria fácil. Presas em uma pulseira estavam as chaves do mundo imaginário.'Que armas usarás contra mim?'. A menina olhou ao redor assustada. Era grande, mas tinha apenas um escudo.'Então eu a vencerei com um único golpe?'.Com essa certeza o rei correu em sua direção.Mas em frações de segundos a menina lembrou do guardachuva, e ao se esquivar do golpe mortal que o rei tentou lhe desferir, com a alça do objeto ela puxou a pulseira que estava no seu braço. E correndo loucamente ela pulou a janela do castelo, na direção dos ventos, levando a chave do seu mundo que agora era real e pensando tranquilmente: 'Não importa o que aconteça; Sempre a inteligência vai ser maior que a força'.       

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