
Já é mais do que comprovado que a arte é mais do que devaneios subjetivos. Ela é a representação da realidade da época em que ela é gerada. E a música, uma das vertentes mais populares da arte, é uma prova viva dessa projeção cultural e comportamental desde os clássicos das opéras do século XVIII até o 'Créu' nos dias de hoje.
Mas levando essa idéia pro rock, um dos gêneros mais fantásticos de todos os tempos, essas nuances ficam mais evidentes, um panorama de como a sociedade do século XX, e a música atravessaram as décadas apoiadas uma à outra.
Com referências de jazz, gospel,country,e outras coisas, o rock surgiu como um atentado ao convencional e aos bons modos da sociedade burguesa, e adquiriu de imediato um caráter pop. Talvez essa aceitação tenha sido um resultado das mudanças de comportamento da sociedade em transformação,tanto que desde o começo foi um ritmo abraçado essencialmente pela juventude.
Daí pra frente o gênero só fez ganhar forças, suprindo a necessidade da juventude em se agrupar em torno de algo em comum. Desde as músicas 'menino ama menina' dos anos 50, o desbundado dos anos 60, o agressivo dos anos 70, o decadente dos anos 80, o existencial dos anos 90, até nos capengas dias de hoje, o rock vem cumprindo esse papel de gênero totalmente tribalizado.
Essa associação música e tempo é muito importante, porque rendeu frutos inestimáveis histórico e socialmente, e de quebra uma compilação de clássicos. Mas em relação à nossa contemporaneidade, existem dois pontos que são igualmente importantes e preucupantes, e que eu deixo para vocês caros leitores, pensarem e desenvolverem:Será que em meio a tantos acontecimentos históricos,a música, no caso em questão,o rock, hoje nada mais é que um aglutinador de pessoas e tendências, com caráter puramente mercadológico?Mais ainda do que antes?(Porque não sejamos ingênuos, existe uma grande estrutura por trás da arte)Como a gente facilmente identifica nas esquinas,causando a sensação de que a música é o que menos importa?
Outra questão é todo esse aparato visual e comportamental, que muitas pessoas levam bem à sério.Acabando por confundir sua personalidade com o estilo que escuta,ou pior ainda, com os produtos criados em cima da música. O cara pra ouvir punk rock, tem de cuspir na cara do tio avô? Pra gostar de psicodelia tem que se fantasiar de hippie e virar comunista?
O que acontece agora é a falta de alguma coisa a altura pra representar a atualidade, resultando nessa salada de tendências e comportamentos duvidosos. Ou então essa é a coisa a altura mesmo, numa sociedade que sabe fazer máquinas, mas não sabe mais fazer e viver a arte; Que tem o msn em casa, mas que não sabe se relacionar com as pessoas, e mais do que antes, tenta encontrar alento em grupos, estilos, muitos deles que nem condizem mais com a atual realidade, diminuindo ao fim a importância da música.
Legal depois de 50 anos ver que o rock,quanto cultura, ainda tem a capacidade de reunir pessoas e fazer elas viverem algo em torno dele; só é uma m@#& quando essas certas pessoas confundem as coisas, e acabam por associar e subjugar a música às modinhas passageiras.
foto da banda punk góspel Vamos metralhar o capeta!