"Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade".
(Frida Kahlo)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Cineminha

*Para ler ao som de Cinema Olympia, de Gal Costa.



O surgimento dos cineclubes e circuitos alternativos em Belém nos últimos anos é uma benção. Através destas iniciativas a população tem a oportunidade de entrar em contato com produções de difícil acesso e que estão fora do circuito comercial. Como circuitos alternativos que são, eles se sustentam praticamente por conta própria, sem o devido incentivo e suporte dos órgãos competentes. É claro que é bacana e louvável fazer algo independente, mas em certos momentos essa falta de apoio pesa em programações que poderiam ter um melhor aproveitamento. As minhas duas últimas incursões nesses espaços cinematográficos são a prova disso...
Domingo retrasado dei um pulo no Olympia com o meu namorado pra assistir a Mostra do cineasta paulista Carlos Nader- com produções que nunca foram exibidas em Belém e que não fazem parte do acervo nem de respeitadas locadoras daqui. Pois bem. A sessão estava prevista para às 18h30, então tomamos um café e fumamos um cigarro no Bar do Parque, na maior tranquilidade. Eis que quando chega a hora de iniciar a sessão, os funcionários do cinema começam a baixar as grades. O motivo? Eles não iam exibir um filme apenas para quatro pessoas.
Eu não sei se o que me indignou mais foi a falta de respeito dos funcionários com os quatro espectadores, a falta de incentivo da prefeitura em tornar o Cinema um ponto de cultura de grande demanda, ou a falta de interesse da população. A única coisa que sei é que voltei pra casa com essa história na cabeça: Do dia em que fecharam a porta do último cinema de rua de Belém na minha cara.
Uma semana depois resolvi assistir no Líbero Luxardo o filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” (Michael Gondry). A exibição fazia parte da programação dos Melhores Filmes da década, promovida pela Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA). Chego uns cinco minutos antes do início da sessão e eis que me surpreendo com uma corrente e um cadeado na porta de entrada: A sala estava lotada. Com capacidade para 85 pessoas, o lugar não tinha espaço para todos que queriam assistir ao filme.
A situação foi no mínimo irônica. Na primeira semana fecham a porta na minha cara por falta de espectador e na segunda semana por excesso. Sou eu que chego sempre na hora errada ou é a falta de políticas públicas que fazem a gente se sentir como um pato? Com um punhado de pessoas dispostas a fomentar a sétima arte por aqui, só o que eu posso desejar é que o básico, que é a estrutura seja viabilizada para essas iniciativas. Como seria bacana poder pegar todas aquelas pessoas que estavam de fora do Libero Luxardo e as que estavam dentro também e colocá-las para assistir o filme no Olympia. Assim o Brilho deste patrimônio seria eterno e arrebataria a experiência de vê-lo fechado em plena tarde de domingo.

Os melhores da década.
Como não pude acompanhar a mostra da ACCPA e em homenagem a iniciativa, resolvi criar a minha própria lista dos melhores filmes dos anos 2000. Assim que der eu vou locar todos e assistir numa sessão extensiva de pipocas e beijinhos. Não há circuito mais clássico que este. Rs. 

1-     Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (Michael Gondry. 2004, EUA) 


 
Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) formavam um casal que durante anos tentaram fazer com que o relacionamento entre ambos desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre e, para tanto, aceita se submeter a um tratamento experimental, que retira de sua memória os momentos vividos com ele. Após saber de sua atitude Joel entra em depressão, frustrado por ainda estar apaixonado por alguém que quer esquecê-lo. Decidido a superar a questão, Joel também se submete ao tratamento experimental. Porém ele acaba desistindo de tentar esquecê-la e começa a encaixar Clementine em momentos de sua memória os quais ela não participa.



2-     Encontros e desencontros (Sofia Coppola. 2003. EUA/ Japão)


Bob Harris (Bill Murray) e Charlotte (Scarlett Johanson) são dois americanos em Tóquio. Ele é um decadente astro de cinema que está na cidade para filmar um comercial de uísque. Ela acompanha o marido, um fotógrafo viciado em trabalho e distante da relação. Bob e Charlotte estão no mesmo hotel, e não se conhecem. Mas a solidão e a cidade desconhecida vão aproximá-los. Juntos, os dois vão viver uma história singular, criando uma cumplicidade raramente vista e uma nova forma de ver a vida.


3-     Elizabethtown (Cameron Crowe. 2005. EUA)


Drew Bailor (Orlando Bloom) é um homem à beira do suicídio que, depois de saber que seu pai morreu, decide voltar à cidadezinha onde nasceu e cresceu. No caminho ele conhece Clear (Kirsten Dunst), uma comissária de bordo que vai ajudá-lo a superar as provações que virão.

4- O Terminal (Steven Spilberg. 2004. Eua) 



Tom Hanks é Viktor Navorski, um homem normal que viaja de sua terra natal, a fictícia Krakozhia, para os Estados Unidos. Ao chegar lá, as autoridades americanas se encontram com um grande problema em mãos: enquanto voava, Krakozhia sofreu um golpe de Estado e teve o seu poder tomado, perdendo assim o seu reconhecimento de nação por parte dos EUA. Viktor então é, sem culpa alguma, prejudicado por um grande problema diplomático: não pode voltar ao seu país de origem, já que ele teoricamente não existe mais e está em guerra, e não pode pisar fora do aeroporto pois não tem visto para entrar nos EUA. Sem nada a fazer, ele acaba por tocar a vida para a frente ali mesmo, no terminal do aeroporto.

5- Adeus, Lenin! (Wolfgang Becker. 2003. Alemanha) 



A mãe de Alexander, fiel devota do socialismo na antiga Alemanha Oriental, tem um ataque cardíaco ao ver o filho em uma passeata contra o sistema vigente. Quando ela acorda do coma, após a queda do muro de Berlim, o médico aconselha a Alexander que ela evite emoções fortes, pois outro ataque tão cedo seria fatal. Com o peso na consciência pelo estado atual de sua mãe, Alex faz de tudo para que ela continue vivendo em uma ilusória Alemanha socialista, mudando embalagens de produtos industrializados e até mesmo inventando documentários televisivos para preencher as brechas do dia-a-dia do recente capitalismo no país.


6- Minha vida sem mim (Isabel Coixet. 2003) 


Ann é uma jovem mãe de duas garotinhas, com um marido que passa mais tempo procurando emprego do que trabalhando, uma mãe com um coração partido que a transformou numa mulher amargurada e um pai que está há dez anos na cadeia. Enquanto qualquer garota de sua idade está se divertindo, Ann trabalha todas as noites na limpeza de uma universidade onde nunca terá condições de estudar de dia. Depois de passar mal um dia, ela descobre que tem uma doença grave. Sem contar a ninguém, começa a fazer uma lista de tudo quanto sempre quis fazer mas nunca teve tempo ou oportunidade. E começa uma trajetória em busca de todos os seus sonhos, desejos e fantasias. Mas sempre imaginando como será a vida sem ela.




7- Peixe Grande (Tim Burton. 2003. Eua) 



Ed Bloom (Albert Finney) é um grande contador de histórias. Quando jovem Ed saiu de sua pequena cidade-natal, no Alabama, para realizar uma volta ao mundo. A diversão predileta de Ed, já velho, é contar sobre as aventuras que viveu neste período, mesclando realidade com fantasia. As histórias fascinam todos que as ouvem, com exceção de Will (Billy Crudup), filho de Ed. Até que Sandra (Jessica Lange), mãe de Will, tenta aproximar pai e filho, o que faz com que Ed enfim tenha que separar a ficção da realidade de suas histórias.


8-     A pequena Miss Sunshine (Jonathan Dayton, Valerie Faris. 2006. Eua) 



Parta numa viagem hilária com os Hoover, uma das famílias mais adoravelmente desajustadas da história da comédia. Richard, o pai, tenta desesperadamente vender seu programa motivacional para atingir o sucesso… Sem sucesso. Enquanto isso, Sheryl, a mãe a favor da honestidade plena, tenta entrosar sua excêntrica família, incluindo seu deprimido irmão, que acaba de sair do hospital após ser abandonado por seu namorado. Temos ainda a ala jovem: Olive, com sete anos de idade e aspirante a rainha de concurso de beleza, e Dwayne, um adolescente que lê Nietzsche e fez um voto de silêncio. Para completar a família, temos o desbocado avô cujo comportamento maluco fez com que recentemente fosse expulso do asilo de idosos. Quando Olive é convidada a participar do concurso de beleza “Little Miss Sunshine” na distante Califórnia, toda a família parte em uma velha Kombi para torcer por ela… E o resultado desse apoio é simplesmente hilário.



9-     O fabuloso destino de Amelie Poulain (Jean-Pierre Jeunet. 2001. França)



Após deixar a vida de subúrbio que levava com a família, a inocente Amélie (Audrey Tautou) muda-se  para o bairro parisiense de Montmartre, onde começa a trabalhar como garçonete. Certo dia encontra uma caixa escondida no banheiro de sua casa e, pensando que pertencesse ao antigo morador, decide procurá-lo assim que encontra Dominique (Maurice Bénichou). Ao ver que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e adquire uma nova visão do mundo. Então, a partir de pequenos gestos, ela passa a ajudar as pessoas que a rodeiam, vendo nisto um novo sentido para sua existência.        ­